11 DE MARÇO DE 2020
INFORME ESPECIAL
O poder de um único lunático que assusta o mundo
Um único ditador na Arábia Saudita consegue sacudir o mundo ao decidir derrubar o preço do petróleo. A nova crise dos mercados, que se junta à do coronavírus, tem dois vilões antigos e conhecidos. O primeiro é o petróleo, combustível fóssil que sustenta uma dezena de regimes autoritários, especialmente no Oriente Médio.
Depois, mas não em segundo plano, vem a falta de democracia. Nesses países que têm donos, como a Arábia Saudita, não existe a rede institucional que dá suporte e equilibra o poder. Cinicamente, os Estados Unidos fecham os olhos. Além de ser a principal inimiga do Irã na região, a Arábia Saudita compra zilhões de dólares em armas dos americanos.
A estas alturas, não se justifica mais a excessiva dependência mundial do petróleo. A pesquisa em energias renováveis e limpas avança, trazendo a esperança de um mundo mais saudável e livre de governantes que se sustentam na riqueza fácil para perseguir minorias, desrespeitar mulheres e aniquilar qualquer um que faça oposição.
Petróleo e opressão caminham juntos, de mãos dadas. Não é surpresa que essa parceria gere os efeitos que todos nós sentimos agora. No ar, na água e no bolso.
Por que não é bom que o coronavírus chegue às cadeias
A medida é polêmica, mas absolutamente acertada. Nas declarações oficiais sobre o primeiro caso de coronavírus no Rio Grande do Sul, os presídios mereceram atenção especial. Os mais afoitos devem ter chiado. Mordomia para os bandidos? Que morram tossindo. Não é bem assim, por vários motivos.
Tudo o que não precisamos agora é de instabilidade nas cadeias. É só olhar para outros lugares do mundo que enfrentam a epidemia para compreender que prevenir o coronavírus atrás das grades ajuda a proteger, na verdade, quem está fora delas.
Se esse motivo não bastasse, vale lembrar que os presos estão sob a custódia do Estado, cabendo a ele garantir que os devedores paguem tudo o que devem. Não menos, não mais.
Também importante ressaltar que, caso o vírus chegue ao sistema prisional, poderá haver necessidade de redobrar os cuidados com as visitas, outro fator potencial de inquietação.
Por isso, acerta o governo Leite ao prestar, também, atenção às cadeias. O que acontece lá dentro, infelizmente, tem reflexos imediatos aqui fora.
TULIO MILMAN
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