07 DE MARÇO DE 2020
LIA LUFT
O precioso amor
Porque o amor é a coisa mais importante do mundo, segundo psiquiatras e médicos em geral – e a internet e outros promovem mais afeto, mais encontro ainda que virtual, portanto mais amor ou amizade –, resolvo escrever sobre esse assunto tão batido, espancado, banalizado, mas... cheio de mistério e intensidade.
Desde o primeiro amor, a família, pai e mãe – antes de todos, mãe – até os amores depois, irmãos, amigos, namorado, marido ou amante. E, acima de todos esses, acho eu, amor por filho, que é eterno, indivorciável, inabordável, indiscutível, em pessoas ditas normais. Pois há os monstros que matam ou rejeitam os filhos, ou os pais.
Amor é essencial para manter a vida, não apenas para perpetuação da espécie, que poderia se dar automaticamente, pelo instinto, se não fôssemos humanos... – mas porque nossa alma precisa dele.
Nossa química precisa dele. Nossa existência precisa dele para não secar como planta num deserto implacável, que não dá nem uma gotinha de misericórdia.
Sem afeto, que é como chamo todo amor daqui por diante, não nos sentimos nem vivos. Pode ser o afeto da amizade, sempre tão confortador, raramente exposto a ciúme ou abandono – ainda que esse, estranhamente, tristemente, exista. Perdi uma ou duas amizades nesta longa vida, porque de repente emudeceram, sumiram, esvaneceram sem eu saber do que se tratava. Mas a conta negativa, no meio de tantas amizades frondosas, é modesta. E me dou por feliz, porque amizades são aquelas raízes que podem vir da infância, ou da juventude, ou do ano passado – mas sempre serão um tesouro que nos dá a força de viver, e sobreviver.
Além disso, escritores, artistas em geral, contam com um afeto especial dos leitores, de quem talvez nunca tenha nos visto, mas aqui e ali nos manda recados, um aceno na rua, um abraço no shopping, uma palavra no avião, ou manifestação nenhuma. Existimos para eles, que existem para nós mesmos sem recado algum, porque afinal – ao menos eu – exercemos nossa arte para o outro, e quando escrevo sei que alguém me lê... e somos próximos, de um jeito indefinido mas real.
Além disso, escritores, artistas em geral, contam com um afeto especial dos leitores, de quem talvez nunca tenha nos visto, mas aqui e ali nos manda recados, um aceno na rua, um abraço no shopping, uma palavra no avião, ou manifestação nenhuma. Existimos para eles, que existem para nós mesmos sem recado algum, porque afinal – ao menos eu – exercemos nossa arte para o outro, e quando escrevo sei que alguém me lê... e somos próximos, de um jeito indefinido mas real.
Estes têm sido dias especiais para mim, no campo dos amores. Pois minha família, todos os filhos, netos, mesmo os que moram e trabalham longe, estão aqui.
Um deles se casa, e essas cerimônias reúnem famílias, como amigos, de várias partes do mundo, se o amor e a amizade existem e funcionam.
Então a velha matriarca e fênix teimosa está num momento feliz, quase eufórico. Porque mesmo os que já não podem estar fisicamente presentes estão nos vendo, vigiando, protegendo, amando e querendo que a gente curta o que pode ter, com alegria e gratidão.
Pois felicidade, amor e paz não são o pão cotidiano das humanas criaturas.
LYA LUFT
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