sábado, 6 de julho de 2019



06 DE JULHO DE 2019
RBS BRASÍLIA

ARMAS USADAS NA APROVAÇÃO DA PREVIDÊNCIA

Emendas, promessas de cargos e engajamento de lideranças de partidos do centrão são algumas das principais armas utilizadas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pelos líderes governistas para a aprovação da reforma da Previdência. A expectativa de quem está na linha de frente das negociações é de que, até a próxima quarta-feira, R$ 10 milhões em emendas sejam liberados por deputado. 

Parlamentares também alimentam a expectativa da confirmação do nome de afilhados em cargos federais. Embora o Palácio do Planalto negue que pratica o que chama de velha política, essas conversas estão bastante adiantadas e ajudam a engordar o mapa de votação em plenário. Para não ter sobressaltos, o governo precisa de 320 a 340 nomes confirmados.

Condenável, a prática do toma lá dá cá é um dos vícios mais difíceis de enterrar no sistema presidencialista de coalizão. Justiça seja feita, há outros elementos importantes que também contribuem para que o Congresso esteja mais aberto à aprovação de um assunto tão espinhoso. Esse foi um tema presente na campanha e o próprio Paulo Guedes, então chamado de Posto Ipiranga por Jair Bolsonaro, assumia que iria mexer nas aposentadorias. 

Ninguém, portanto, foi surpreendido pelo texto encaminhado pelo Ministério da Economia. Embora tenham xingado o presidente Bolsonaro de traidor, os policiais não têm razão de reclamar. O mote da campanha da reforma é a retirada de privilégios. Deputados também consideram o clima das manifestações de rua favoráveis ao presidente e à reforma como um sinal de alívio nas bases eleitorais.

Nesse cenário, Maia conseguiu convencer lideranças do PP, um dos principais partidos do centrão, a participar das articulações finais. Experientes, compensaram a falta de traquejo dos novatos. Com grande ajuda do Congresso, Bolsonaro está prestes a concluir um dos principais feitos de seu governo.

ESCUDO HUMANO

A votação da reforma da Previdência ensinou que os articuladores políticos do Planalto precisam servir de escudo humano para o presidente Bolsonaro contra as pautas impopulares. A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, e o líder no Senado, Fernando Bezerra Coelho - na foto, ao lado do deputado estadual Frederico D´Ávila (PSL-SP) -, já começam a sentir na pele o ódio das corporações. À frente das negociações na comissão especial da reforma, Joice comemorou nas redes sociais a aprovação. Desde então, vem sendo acusada de traidora e xingada pelos defensores de policiais. Na comissão, representantes da corporação vaiaram os parlamentares contrários aos benefícios.

No mesmo dia, Bolsonaro e os filhos evitaram comentários nas redes sobre o avanço das mudanças nas aposentadorias. Na transmissão ao vivo que faz às quintas-feiras, Bolsonaro preferiu defender o trabalho infantil a falar da aprovação da Previdência. Na sexta-feira, o presidente afirmou que algumas questões da reforma serão "corrigidas" em plenário. Ele não detalhou o assunto, mas nos bastidores insiste em contemplar os policiais. Se depender da equipe econômica, esse destaque não será aprovado. 

CAROLINA BAHIA

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