sábado, 20 de julho de 2019


20 DE JULHO DE 2019
ESPIRITUALIDADE

TRAVESSIA


Travessia sem travessas.

Impressas em nossas mentes as memórias ancestrais.

Divagando, nas vagas do mar.

Como garrafas flutuantes, contendo mensagens.

Quem as irá encontrar? Quem poderá decifrar a mensagem sagrada?

A vida humana registrada em massa cinzenta.

Vários tons, muitos milhões de anos. Nada se perde. Tudo se recria.

Surpreendente mente.

Como poderia Buda saber há 2.600 anos o que hoje a Ciência está descobrindo?

Que capacidade é esta do ser humano de perceber o imperceptível?

Inteligência emocional.

Inteligência espiritual.

Não são novas inteligências. São muito, muito antigas.

Agora tem nomes, apenas nomes.

Conhecer a si mesmo, de Sócrates, na Grécia antiga, é o caminho da libertação. Um conhecimento profundo e sutil, que transcende o próprio eu.

Muito além de uma história pessoal, de detalhes sórdidos ou belos.

Quem é este para ser conhecido?

Quem é esta que pode se autoconhecer?

Mente a mente humana. Desmente. Desmantela e reconstrói.

Atravessando umbrais tenebrosos e umbrais assombrados.

Pelas sombras, pois há luzes.

Sem a luz, onde ficaria a sombra?

Atravessando rios caudalosos de águas verdes, translúcidas onde peixes e pedras brancas, arredondadas, brincam de esconde-esconde.

Estamos nessa travessia.

Quer de rios, quer de mares, quer de montanhas ou lagos.

Atravessamos cidades e oceanos, países e planetas.

Vagamos pelo espaço interno e espaço externo.

Descobrimos o milagre da vida e nos deslumbramos.

Depois esquecemos.

Encolhemo-nos como pequeninos fetos dentro do útero materno.

Enrolados em nós mesmos procuramos pelo fio da meada.

Meada?

Linha, corda, seda, lã, algodão, tecido sintético, plástico.

Tudo é vida.

Vida na travessia.

Qual a sua embarcação?

Alguns de iate, lancha, navio.

Outros de prancha, alguns no stand up.

Aviões, helicópteros, carros de corrida, motocicletas, bicicletas, pedalinhos...

A pé, a dois, de braçadas.

Travessia sem travessas, sem atalhos.

Não pode pular etapas. Uma por uma as notas dedilhadas no violão.

O piano toca. O pintor retoca.

Dançamos o movimento puro de mover-se.

Inteiramente sós e sempre acompanhados.

Girando a roda do Darma, Buda suspira.

Inspira e expira conscientemente.

Sorri. Levanta uma flor.

Quem arrancou a flor da Terra?

Quem entregou a flor ainda adolescente, cortada, morrendo, sofrendo, sem seiva, sem água?

Não podemos voltar atrás.

Não podemos devolver a flor ao caule que também murcha sem a flor.

Choramos por compreender a dor dos seres que nos ensinaram a crer que eles não sentem.

Tudo sente. Tudo é.

Tudo atravessa conosco e evitamos atravessadores.

Mas todos o somos.

Na grande travessia eu escolho os ensinamentos de Buda.

E você? Mãos em prece

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Monja Coen escreve a cada 15 dias neste espaço.

MONJA COEN

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