terça-feira, 23 de julho de 2019


23 DE JULHO DE 2019
FALSO BRIGADIANO

Jovem fingia ser PM para deixar de pagar almoço


Um jovem de 24 anos, morador de Sapucaia do Sul, buscou uma forma inusitada de fazer as refeições sem pagar: vestia farda da Brigada Militar (BM) e, alegando ser PM com salário parcelado, pedia para que o valor das despesas fosse anotado para posterior quitação. A falta de pagamento fez com que ele fosse denunciado, e seu golpe, descoberto.

O suspeito da fraude, que teria sido aplicada em pelo menos quatro vítimas, foi detido pela BM na noite de quinta-feira, na frente de sua casa. Ele foi conduzido à delegacia de Canoas, que atende a região, onde foi registrada ocorrência por estelionato. O jovem, que responderá em liberdade, também será investigado por crime militar, pelo uso da farda.

- A vítima que compareceu à delegacia havia sido lesada há mais tempo. Por isso, não havia mais prazo para o flagrante - explica o comandante do 33º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Vladimir Luís Silva da Rosa.

Conforme as vítimas, o autor do golpe usava sempre a mesma estratégia. Fardado, comparecia durante alguns dias a estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes e lancherias, buscando se aproximar de funcionários e proprietários. Quando conquistava a confiança, soltava a lábia.

- Dizia que seu salário havia sido parcelado e pedia para anotar a conta - disse uma vítima.

Em uma lancheria, foi almoçar mais de 20 vezes, acumulando dívida de R$ 420. Na quinta-feira, ele foi ao local e afirmou ter feito o pagamento via depósito. Mais tarde, quando o proprietário conferiu o saldo bancário, percebeu que o jovem havia mentido. O comerciante, então, foi ao 33º BPM para cobrar o "soldado" que estava inadimplente com estabelecimento. Só então ficou sabendo que havia sido vítima de golpe.

Detalhista

O material apreendido na casa do jovem demonstra que ele procurava ser detalhista no golpe. Foram encontrados um simulacro de pistola, peças de fardamento da BM, coturno operacional, cinto de guarnição e coldre de arma.

Além disso, o suspeito de golpe preocupava-se também com a preparação. Ele guardava em casa obras de doutrina e legislação da corporação: livros de técnicas de tiro policial, do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), guia de legislação da BM e documentos operacionais da corporação. Para dar mais autenticidade ao golpe, o falso PM costumava tirar selfies próximo a viaturas da Brigada Militar, com ou sem farda, e publicá-las em redes sociais.

RENATO DORNELLES

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