02 DE MAIO DE 2019
ARTIGOS
TRABALHAR POR PRAZER, NÃO POR DEVER
O futuro está mais perto do que podemos imaginar. A crescente velocidade das convergências tecnológicas, somada aos mais de 3 bilhões de pessoas ocupando o planeta até 2050, aponta para uma eliminação de profissões e empregos jamais vista na história. A inteligência artificial, a biologia sintética, a robótica e outras formas de automação, além da dinâmica populacional, irão mudar o futuro do trabalho.
Temos duas escolhas: esperar por nos tornarmos uma civilização inútil, tal qual o escritor Yuval Harari pressupõe, ou aproveitar a transferência de funções que as máquinas irão assumir para nos libertar do trabalho hostil e sacrificante. Oportunidade rara de criarmos novos estilos de vida, mais criativos, prazerosos, humanizados.
Temos duas décadas adiante antes que a inteligência artificial comece a ser instalada em todo o mundo. Por isso, precisamos pensar a longo prazo e tomar ações imediatas, porque as mudanças em torno deste fenômeno (desastrosas ou aliviadoras) poderão levar também duas décadas.
Estamos diante de perigos inevitáveis: concentração de riqueza aumentando, crescente exclusão social, a economia crescente com o emprego decrescente.
De acordo com o Banco Mundial, 1 bilhão de pessoas entrarão no mercado de trabalho ao longo dos próximos 10 anos, ao mesmo tempo em que 2 bilhões de empregos serão eliminados em 2030.
Para tentar trazer respostas criativas a esse futuro que se aproxima, o Projeto Millennium, rede global de pesquisadores futuristas, desenvolveu o estudo Trabalho/Tecnologia 2050, que difere dos outros: apresenta mais soluções do que problemas. Através de uma inteligência coletiva com especialistas em diferentes áreas envolvendo 45 países, entre eles o Brasil, aqui algumas das centenas de estratégias que iluminam nossos caminhos e despertam para a ação imediata: rever o conceito de trabalho mediante a aplicação da renda básica universal, popularizar a ciência e a tecnologia, criar um novo contrato social que se paute nos direitos dos trabalhadores em uma economia transacional e global, sistemas de educação que favoreçam habilidades sobre profissões, assim como ensinar o passado, ensinar também o futuro para as novas gerações.
Não existe receita mágica para mudar essa realidade. O que existe é a capacidade infinita que os seres humanos têm de sonhar e tangibilizar futuros que redefinam o trabalho pelo prazer, e não pelo dever.
ROSA ALEGRIA
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