25 DE MAIO DE 2019
DUAS VISÕES
POR QUE AINDA EXISTEM?
Alguns jogam na Mega Sena, outros trabalham duro. E há, também, quem acredite que exista uma maneira mais fácil de atingir aquele objetivo, como os supostos “investimentos” que oferecem retornos muito acima do mercado, mas não passam de pirâmides financeiras. Esses golpes são antigos, rodam o país, frequentemente, concentrando-se em determinadas regiões, já que dependem de adesões obtidas no boca a boca.
O que a psicologia aponta nesses fenômenos? Primeiro: se já são tão conhecidos, por que ainda atraem vítimas? Três fatores a considerar: somos, em geral, otimistas, mas o otimismo pode se tornar excessivo e impedir a percepção de riscos. Adicionalmente, há o problema da autoconfiança exagerada - a pessoa consegue enxergar riscos, mas só para terceiros, já que não vê ameaças a si, sentindo-se inatingível e livre de perigos. Neste caso, pode dar-se conta de que é pirâmide, mas vai "entrar e sair" sem maiores problemas, antes que o esquema desmorone.
Por fim, o conhecido comportamento de manada - em situações de incerteza, desconhecimento, quando alguma "autoridade" (que, em nossos tempos virtuais, pode ser um influenciador digital, um áudio no WhatsApp ou um power point caprichado) avaliza, ela adere ao que acredita ser uma oportunidade única. Com dinheiro envolvido, vem a sensação de FOMO (fear of missing out), o medo de perder aquela chance. E o chamado viés de confirmação nos empurra a acreditar, apenas, naquilo que combina com nossas expectativas e crenças, mesmo que ilusão, enquanto nos impede de considerar o que as contraria, ainda que real.
Além disso, somos, sempre, guiados pelo desejo, que é inconsciente e não cessa de nos impulsionar a buscar satisfação. Pode ser o novo celular, o novo parceiro/a, ou o dinheiro na nova pirâmide.
Psicóloga econômica, psicanalista, doutora em Psicologia Social ? PUC-SP - VERA RITA DE MELLO FERREIRA
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