07 DE MAIO DE 2019
POLÍTICA
Villas Bôas entra na briga com olavistas
EX-COMANDANTE DO EXÉRCITO definiu Olavo de Carvalho como trótski de direita. Bolsonaro afirma que há um time só
As trocas de farpas e a disputa de poder entre integrantes e apoiadores do governo Jair Bolsonaro teve mais um capítulo. O embate entre militares e olavistas exigiu até mesmo a intervenção do presidente, que tentou mostrar unidade e apaziguar o ambiente:
- De acordo com a origem do problema, a melhor resposta é ficar quieto. Essa é a orientação que tenho falado, porque temos coisas muito, muito mais importantes para discutir no Brasil. Aqueles que, porventura, não têm tato político, estão pagando um preço junto à mídia. Mas não existe grupo de militares nem grupo de Olavos entre nós, é tudo um time só.
Nos últimos dias, a ala militar do governo tem demonstrado insatisfação com o escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, que promove uma campanha de ataques ao ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Santos Cruz. Questionado sobre se pretende proteger o ministro contra os ataques, Bolsonaro indicou que o assessor está preparado para se defender.
Ontem, o ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas usou as redes sociais para responder aos ataques feitos a militares por Olavo. Disse que o escritor é um "verdadeiro ?trótski de direita?, não compreende que substituindo uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros".
Villas Bôas conta com forte respaldo dos militares e foi apontado pelo próprio Bolsonaro como um dos responsáveis por sua vitória nas urnas. Desde que deixou o comando do Exército, em janeiro, passou a ocupar o cargo de assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo general Augusto Heleno.
No final de semana, Olavo foi explícito ao endereçar críticas a Santos Cruz. "Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu merda", escreveu. Ele referia-se à divulgação de uma entrevista do ministro, em abril, à rádio Jovem Pan, na qual comentou sobre a necessidade de evitar distorções nas redes sociais. Afirmou ainda que a influência das mídias é benéfica, mas também pode "tumultuar".
No domingo, Bolsonaro usou o Twitter para se manifestar sobre o caso e disse que não pretende regulamentar nem os veículos de comunicação nem as mídias sociais. Em mensagem publicada em sua conta oficial, ele escreveu que recomenda "um estágio na Coreia do Norte ou em Cuba" para quem defender uma espécie de controle do conteúdo divulgado.
Ontem, o presidente reiterou o apoio a Santos Cruz e disse que reuniu-se com o ministro na noite de domingo para conversar sobre a crise e outros assuntos. Bolsonaro negou que o militar tenha pedido demissão.
Outro alvo frequente dos ataques olavistas - feitos não só pelo escritor, mas por seus seguidores -, o vice-presidente Hamilton Mourão ganhou um afago de Bolsonaro. Ele foi chamado de "amigo dos momentos difíceis".
- Vice-presidente, general Mourão, amigo dos momentos difíceis. Juntos cumpriremos essa missão - disse o presidente na saudação inicial da cerimônia de lançamento de selo e medalha em comemoração aos 130 anos do Colégio Militar do Rio de Janeiro.
Na mesma cerimônia, Bolsonaro reafirmou a intenção de construir um colégio militar em cada capital. Essas instituições de ensino também foram criticadas recentemente por Olavo.
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