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sábado, 3 de julho de 2010
04 de julho de 2010 | N° 16386
PAULO SANT’ANA
O fim do grupo
Não adianta ficar chorando agora o leite derramado, lamentando que Dunga tenha sido o treinador da Seleção Brasileira.
Tinha de ter-se acordado antes.
O Parreira, em 2006, também venceu a Copa América e a Copa da Confederações. E foi aquele fiasco na Copa do Mundo.
Com o Parreira, chegou-se à conclusão de que houve farra demais entre os jogadores, houve falta de compenetração nos treinos e nas concentrações, esculhambação nas entrevistas.
E agora, que foi o contrário? Os jogadores sendo condenados a uma clausura franciscana, afastados da imprensa como se ela fosse inimiga mortal deles, integrados ao grupo como se fizessem parte de uma seita, confinados a um colóquio exclusivo com o Dunga.
Com o Parreira se sabe o que foi. E o que foi agora com o Dunga?
Será que com o Parreira foi comando frouxo e, agora com o Dunga, foi comando excessivamente férreo?
Sempre tem um motivo.
Tem um lado bom nessa derrota brasileira: fica sepultada para sempre esta ideia de grupo.
É grupo para cá e grupo para lá. Passa a ideia de que nem precisa trabalhar ou que se pode desprezar os talentos, como Neimar e Ganso, que o grupo resolve tudo.
Garantia-se que bastava um grupo fechado, afastado dos jornalistas, e um treinador brutamontes e se conseguiria o título.
Foi-se ver que o grupo era grupo.
O pior não foi o desastre da Copa. Logo em seguida vem aí o Grêmio. Aí é que vocês vão ver...
O treinador da Seleção Brasileira pode ser Luiz Felipe. Ele pode muito bem treinar o Palmeiras, com o qual assinou contrato, treina por um ano e se transfere depois para a Seleção.
E, nesse ano em que o Luiz Felipe vai treinar o Palmeiras, pode deixar o Dunga mesmo de interino. O perigo é que em apenas um ano o Dunga forme outro grupo.
O que causou espanto na derrota brasileira é que um dos máximos apanágios do time era a bola alta na defesa.
Pois, incrivelmente, os dois gols holandeses se verificaram em duas bolas altas sobre a defesa brasileira.
Vai entender de futebol...
Por que Luiz Felipe? Porque os outros dois que servem para a Seleção, Parreira e Dunga, foram eliminados precocemente nesta Copa.
Felipão cresceu.
Argentina x Alemanha. Eu diria que o jogo ideal para a finalíssima seria esse de ontem pela manhã.
O fracasso brasileiro nesta Copa do Mundo é muito mais impactante no Brasil do que a derrota para o Uruguai, no Maracanã, em 1950.
Naquele tempo não existia televisão, a população brasileira era três vezes menor e só os que estavam presentes no Maracanã sentiram um arrasamento maior.
Agora não, até quem não gosta de futebol assistiu à Copa pela televisão.
Uma hecatombe, um desastre, inesquecíveis.
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