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sábado, 9 de maio de 2009
09 de maio de 2009
N° 15964 - NILSON SOUZA
A indignação de Prates
Rola na internet, em ritmo viral, como gostam de dizer os iniciados, o vídeo do comentário que o colega Luiz Carlos Prates fez sobre a farra das passagens aéreas no Congresso Nacional. Prates é colunista do Diário Catarinense e comentarista da RBS TV em Florianópolis desde a década de 80, quando resolveu atravessar o Mampituba para ficar por lá.
Mas é gaúcho, narrava e comentava futebol por aqui no início de sua carreira. Eu mesmo, quando também era cronista esportivo, tive a oportunidade de cobrir uma Copa do Mundo junto com ele, na Argentina. Sempre foi uma figura polêmica, de opiniões fortes, sem freios na língua e com muita coragem para expressar suas ideias e sua visão do mundo.
Confesso que nem sempre concordo com suas opiniões, algumas delas um tanto, digamos, impetuosas para o meu gosto. Assusto-me cada vez que ele dá um murro na mesa para não deixar dúvidas de que está indignado. Mas, neste caso dos parlamentares que pagavam viagens de parentes, amigos e amantes com o dinheiro do contribuinte, Prates interpretou perfeitamente o sentimento dos brasileiros.
Seu comentário é um primor de repulsa a um fato realmente repulsivo. Ele disse exatamente o que as pessoas queriam ouvir e muito do que elas próprias gostariam de dizer. O xingamento final, acompanhado de um tapa na bancada, é quase histriônico, mas adequado para a situação: “Safados!”.
Já recebi várias mensagens com o comentário de Prates no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=8-gfYN61WRM). Quando as pessoas repassam um vídeo ou um texto para amigos, parentes e até para desconhecidos, estão querendo dizer que aquele conteúdo vale a pena ser visto.
Mais do que isso: estão rubricando aquele recado, dizendo que ele contém algo de seus próprios pensamentos, de sua própria vontade, de seu desejo de agir. Potencializadas pela internet, as palavras de Prates se multiplicam de tal maneira, que parecem estar se transformando na reação coletiva exigida em sua incendiária manifestação.
Uma vez passei constrangimento por causa de Prates. Quando a delegação da Itália chegou à Argentina para disputar a Copa, foi precedida por um grupo folclórico chamado Gli Sbandieratori Di Arezzo, que se apresentava com bandeiras coloridas numa rua de Buenos Aires.
Prates, entusiasmado e impetuoso como sempre, colocou na minha mão uma máquina fotográfica e saltou para o meio dos dançarinos. Tive que segui-lo, para não perder a imagem que, espero, ele tenha guardado de lembrança entre as suas fotos de viagem. Assim como vou guardar o vídeo deste seu comentário ensandecido de justa indignação.
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