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sábado, 23 de maio de 2009
Como lucrar sem destruir
Um prêmio internacional de turismo mostra exemplos estrangeiros de exploração sustentável que o Brasil poderia seguir
Andres Vera, de Florianópolis
PAZ E VERDE
Um bangalô flutuante da Pousada Uacari. O destino é admirado pelos turistas estrangeirosA Reserva Mamirauá não vai ganhar o mais importante prêmio de turismo sustentável deste ano. No meio da Floresta Amazônica, esse projeto de turismo ecológico tem todos os requisitos que um destino gostaria de ostentar para ser chamado de “sustentável”.
Especialistas elogiam seus programas de preservação ambiental e integração com a comunidade – credencial suficiente para encher a pousada local, a Pousada Uacari, com 70% de estrangeiros, todos interessados em conhecer a Amazônia com conforto e sem peso na consciência. Saiba mais
Mas, na lista de premiados pelo Tourism for Tomorrow Awards (Prêmio Turismo para o Amanhã), evento realizado neste final de semana em Florianópolis, em Santa Catarina, só havia estrangeiros. Praias paradisíacas de Punta Cana, na República Dominicana, um parque marinho na Península de Gerakas, na Grécia, e iniciativas de reflorestamento da mata nativa da Costa Rica figuraram entre os 12 participantes que chegaram à etapa final da competição.
Nesses destinos, organizações não governamentais ou grupos hoteleiros ajudam a preservar os ecossistemas, criam programas sociais para a população nativa e apoiam a contratação de mão de obra local. Quem recebe o prêmio Tourism for Tomorrow ganha um importante diferencial para mostrar ao turista.
Por que destinos como Fernando de Noronha, em Pernambuco, Itacaré, na Bahia, ou mesmo a Reserva Mamirauá não estão entre os melhores destinos verdes do planeta? Para os especialistas, um dos motivos não está na falta de ações sustentáveis desses lugares, mas na ausência de um certificado capaz de comprová-las.
“Criamos a melhor norma de turismo sustentável do mundo, mas não há ninguém para aplicá-la”, diz o consultor Roberto Mourão, presidente do Instituto EcoBrasil. Nenhum hotel brasileiro tem o certificado oficial de turismo sustentável emitido pelo Instituto Falcão Bauer, reconhecido pelo Inmetro.
Criado há apenas dois meses, o certificado ainda não foi entregue a nenhum empreendimento porque o processo de avaliação é demorado. Outro motivo da baixa adesão dos empreendimentos brasileiros às ações sustentáveis é a mentalidade que durante muito tempo dominou o turismo nacional.
“A massificação de alguns destinos, como Porto Seguro, desencadeou uma disputa de preços que desvalorizou o próprio lugar”, diz André Eysen de Sá, um dos coordenadores do Bem Receber, programa de qualificação para pequenos e médios empreendimentos hoteleiros.
No Brasil, um dos melhores esforços é o programa Bem Receber, realizado pelo Instituto Hospitalidade em parceria com o Ministério do Turismo e o Sebrae. Voltado para hotéis e pousadas de pequeno e médio porte, o programa recomenda práticas de sustentabilidade.
Cerca de 250 estabelecimentos de todo o país fazem parte do programa. O Instituto Hospitalidade emite um certificado de qualificação profissional para o estabelecimento que cumpre uma série de requisitos, como painéis de energia solar, sistema de compostagem de lixo e captação de água da chuva.
A importância crescente de prêmios ou certificados de sustentabilidade mostra que a indústria do turismo convencional está disposta a mudar. “Cada vez menos pessoas aceitam produtos que não têm nenhum compromisso ambiental”, diz Jean-Claude Baumgarten, presidente do Conselho Mundial de Turismo e Viagens (WTTC), organizador da premiação e da nona Conferência Global de Viagens e Turismo, sediada pela primeira vez no Brasil, em Florianópolis.
Em uma década, o turismo sustentável deixou de ser praticado apenas em destinos exóticos como Costa Rica e Quênia e virou um novo estandarte para redes hoteleiras, companhias aéreas e governos.
Os melhores destinos verdes
Os atrativos de alguns dos finalistas do prêmio Tourism for Tomorrow nas fotos abaixo na ordem
Ol Donyo Wuas
Quênia
Um hotel ecológico oferece safáris e quartos com vista para o Monte Kilimanjaro – além de 140 empregos para a comunidade local. Foi candidato ao prêmio Benefício à Comunidade
Phnom Penh
Camboja
Os programas de proteção de monumentos históricos milenares e de prevenção de roubo de antiguidades colocaram a cidade na final da disputa de Melhor Destino
Punta Cana
República Dominicana
Concorreu ao prêmio de Melhor Destino com belas praias e áreas de preservação. Os empreendimentos turísticos dão preferência à mão de obra e matéria-prima locais
Ionian Eco Villagers
Grécia
Os turistas que visitam esse parque marinho aprendem a proteger as tartarugas nativas do Mar Mediterrâneo e seus ninhos. Finalista na categoria Conservação
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