sábado, 23 de maio de 2009



24 de maio de 2009
N° 15979 - VERISSIMO


O kid

E ncontraram-se depois de muitos anos. – Rui! – Kid! – Há quanto tempo! – Puxa. Anos. – Você não mudou nada. – Quié isso. Você é que continua o mesmo. – Vamos parar de mentir?

– Rá. Vamos. – Do que foi mesmo que você me chamou? – Kid. Lembra? Era o seu apelido. – Engraçado. Não me lembro...

– Velho Kid. O que você faz? – Eu? Trabalho com meu sogro. Contabilidade.

– E está indo bem? – Dá pra viver.

– E aquele seu plano de...de... Como era mesmo? – Plano?

– É. Você tinha um plano fantástico para o futuro. – Não me lembro. – Velho Kid. Olha, foi um prazer, viu? – Também, Rui. Bom te ver.

Afastaram-se. Ele tentando se lembrar: que plano fantástico para o futuro seria aquele? Um plano de “Kid”, e ele era o “Kid”. Como pudera se esquecer de que um dia fora o “Kid”? De qualquer maneira, uma coisa ele sabia: não era mais.

AS AVENTURAS DA FAMÍLIA BRASIL

A lágrima que não havia


Algumas pessoas perseguem a fama e a glória, ou seus 15 minutos de notoriedade, desesperadamente. Outras as recusam, admiravelmente. Dois exemplos:

Um momento tocante na posse do presidente francês Nicolas Sarkozy foi quando, num gesto singelo, ele enxugou com o dedo uma lágrima que brotava do canto de um olho da sua mulher Cecília, obviamente emocionada com a solenidade.

Seria uma cena enternecedora, um instante de atenção carinhosa de um marido com a mulher, se não fosse por um detalhe: não havia lágrima alguma saindo do olho da Cecília. Pouco tempo depois ela se divorciaria de Sarkozy, e pode-se até especular que a falsidade teatral do gesto tenha apressado sua decisão de renunciar não só ao marido fingido como as pompas e os privilégios de primeira-dama. A lágrima simplesmente não estava onde o Sarkozy gostaria que estivesse.

Outro exemplo de quem preferiu a honestidade ao oba-oba foi o daquela soldada americana ferida na invasão do Iraque que resistiu bravamente antes de ser capturada por soldados iraquianos e acabou sendo libertada numa ação espetacular pelos seus colegas.

Era uma história feita na medida para a promoção da guerra. Ajudava o fato da moça ser bonitinha e já se especulava quem a interpretaria quando fizessem o filme. Só que a história não era verdadeira, como ela própria fez questão de contar, desmentindo as versões cinematográficas e renunciando à celebridade e todos os seus benefícios.

Ela não resistira à captura até a última bala, como noticiado, e seu resgate fora de dentro de um hospital, onde era bem tratada por médicos iraquianos. Foi uma heroína, mas não do tipo explorável. E eu nem me lembro do seu nome.

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