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quinta-feira, 28 de maio de 2009
28 de maio de 2009
N° 15983 - LETICIA WIERZCHOWSKI
Katyn
Poucas pessoas têm o poder de contar o incontável. Andrzej Wajda é uma delas, e faz isso com maestria impressionante em seu Katyn, filme que estreou semana passada na cidade. Para quem não sabe, Katyn é uma floresta que fica na Rússia. Lá, em abril de 1940, 22 mil oficiais poloneses foram massacrados pelos soviéticos e enterrados em valas comuns, descobertas algum tempo mais tarde, quando os alemães invadiram a URSS rumo à Moscou.
Contar uma história de guerra não é fácil, os bons e os ruins ganham logo forma, criando uma dicotomia às vezes irreal. Porém, na triste história da nação polonesa durante a II Guerra, essa dicotomia não existiu. Os poloneses ficaram, o tempo todo, presos no limite da esfera dos vilões. Como assim? Em 1939, quando os alemães invadiram a Polônia por um lado, o Exército Vermelho invadiu a Polônia pelo lado oposto, apanhando numa cilada as tropas da cavalaria polonesa.
Era o pacto Germano-Soviético. Os poloneses tiveram de defender sua pátria em duas frentes, e obviamente perderam feio. Os oficiais poloneses capturados pelos soviéticos foram levados para a URSS e, um ano mais tarde, fuzilados em massa.
Com o fim do pacto entre Hitler e Stalin, a história desse terrível genocídio foi amplamente alardeada pelos alemães, afinal era uma boa forma de mostrar ao mundo que eles não eram tão maus assim.
Porém, quando a guerra acaba e a Polônia passa para o domínio soviético, o Kremlin culpa peremptoriamente os alemães pelo massacre de Katyn. No meio disso tudo, tendo passado do domínio nazista para o soviético, os poloneses tentam reconstruir sua vida, vivendo com uma mentira como quem convive com uma doença.
Mas mesmo que o tempo precise passar, a verdade um dia vem à tona. Apenas há poucos anos, com a queda do comunismo, os poloneses puderam chorar seus mortos e criar um memorial para as vítimas em Katyn.
Agora, Wajda nos traz esse filme incrível, de uma beleza sóbria, com emocionante trilha composta por Penderecki. Vá ver. Temos aí um filme sobre o homem, sobre a coragem e a baixeza humana, e sobre os insidiosos perigos dos regimes totalitários. Um filme que é quase um poema, digno do talento de Andrzej Wajda.
E curiosidade: um filme sobre a II Guerra que não versa sobre o Holocausto. Eu saí do cinema triste, aliviada e emocionada.
Triste porque Katyn é um episódio revoltante da história humana, aliviada porque conhecer a verdade é meio caminho para não repeti-la, e emocionada por constatar, pela lente de Wajda, que o cinema ainda pode ser arte.
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