Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Baianês
18 de maio de 2009
N° 15973 - KLEDIR RAMIL
O Brasil é pródigo em dialetos bacanas. Certa vez uma baiana falou que queria me “dar um cheiro” e eu custei a entender o significado daquilo. Aos poucos, como viajo o tempo todo, fui me acostumando com os linguajares típicos de cada lugar e, hoje em dia, já me comunico sem problemas, do Oiapoque ao Chuí.
A diferença é que, talvez pelo avançado da idade e o fato de eu ser um homem casado, as morenas pararam de dizer que querem me “dar um cheiro”.
Semana passada estive em Salvador para uma temporada de shows em teatro e, apesar da chuva, renovei minha paixão por essa terra extraordinária. Não estou falando só das morenas. O baiano é um povo carinhoso, alegre, musical... e muito lento. Como eu também sou meio devagar, não gosto de nada muito acelerado, me identifico com o ambiente. Tô no meu elemento.
Dessa vez, minha grande descoberta foi que na Bahia existe um outro alfabeto. Isso mesmo. Liguei pra recepção do hotel pra pegar a senha do wireless e a moça falou:
- Agá, guê, nove, ji, oito, lê, mê.
Tomei um susto e pedi para ela repetir. Ela repetiu exatamente a mesma coisa. “Vamos combinar o seguinte”, falei. “Você anota num papel e pede pro rapaz trazer aqui no quarto”.
Lendo a anotação, decifrei o enigma. O que ela chamava de “guê” é o nosso G, o “ji” é o J, o “lê” é o L e “mê” é o nome da letra M.
Fui procurar ajuda com meus amigos soteropolitanos e aprendi o abecedário baiano. Anota aí, é uma informação preciosa que não aparece nos guias de turismo: A B C D E “fê” “guê” H I “ji” “lê” “mê” “nê” O P Q “rê” “si” T U V X Z. É muito estranho. Certas letras não existem com os nomes que a gente conhece: efe, gê, jota, ele, eme, ene, erre, esse.
Kleiton e eu temos uma música chamada Maria Fumaça que termina cantando RFFSA, a sigla da antiga Rede Ferroviária Federal. Pensei em fazer uma adaptação e cantar “rê” “fê” “fê” “si”, mas os produtores acharam que era um preciosismo desnecessário.
Ah, sim, você deve estar se perguntando que história é essa de soteropolitano. É o gentílico da capital baiana. Quem nasce em Salvador não se chama salvadorense, como seria o natural. Soterópolis é a tradução para o grego de “cidade do Salvador”. E o habitante de Soterópolis é conhecido como soteropolitano.
Coisas da mitologia greco-baiana. Ó paí ó.
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