Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
09 de janeiro de 2008
N° 15473 - David Coimbra
O Rio Grande é uma ficção
O Rio Grande do Sul não existe. Nem Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina. Os Estados brasileiros foram abolidos na prática por Getúlio Vargas e a Constituição Polaca, em 1937. Hoje subsistem como peso para o contribuinte e como vaga abstração cultural.
Verdade que nem todos. Só Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio, Minas e Bahia têm identidade cultural. Ceará um pouquinho. O resto é Brasil.
Getúlio Vargas extinguiu os Estados, tributariamente falando, e tentou fazê-lo, digamos, ideologicamente. Queimou as bandeiras, obrigou o ensino do português em todas as escolas do país e instituiu a Hora do Brasil, o primeiro jornal nacional.
Conseguiu enfraquecer as identidades regionais, mas não matá-las. Quem fez o serviço foi a Rede Globo.
A Rede Globo realizou o sonho de unificação do Brasil de Getúlio Vargas. Com o Jornal Nacional, com as novelas, com as transmissões via satélite. O Brasil tornou-se um só, enfim.
A prova é o gandula. Não havia isso de gandula, aqui na província. Gandula era no Riosãopaulo. Aqui era marrecão, só. Hoje, nenhum torcedor com menos de 30 anos sabe que marrecão um dia foi algo além de uma ave freqüentadora de rios, lagos e banhados.
A linguagem do futebol, a verdadeira linguagem de massa do Brasil, demonstra: a Rede Globo transformou-nos, a todos, em brasileiros. Para o bem e para o mal.
No princípio, tudo era o Verbo
Antes não tinha marrecão, não tinha gandula, não tinha nada. Quem ia pegar a bola, quando ela escorria pela lateral ou pela linha de fundo, era o jogador mesmo. Ou algum torcedor devolvia, que muitas vezes a torcida assistia ao jogo da beira do campo.
Aí surgiu o Gandulla com dois eles. Bernardo Gandulla. Um argentino que foi jogar no Vasco em 1939. Só tem o seguinte: esse Bernardo Gandulla era um baita pereba. Nunca jogou de titular. Mas, como queria se sentir útil, buscava as bolas durante os jogos. Tanto as do Vasco quanto as do adversário.
A bola saía, o Gandulla corria atrás, pegava, mandava para o campo. Muito solícito. Então, quando pela primeira vez colocaram um guri para buscar as bolas nas partidas, ele logo virou gandula, com minúscula e um ele só, que marrecão não precisa de ele dobrado.
Conto isso porque a CBF agora quer profissionalizar o gandula. Não pode mais ser qualquer um. Tem que ser gente especializada, gente com vocação, gente como aquele argentino, o velho Bernardo Gandulla, que podia não jogar nada, mas que era prestativo, era.
O livro do centenário
O jornalista Cláudio Dienstmann, velho pesquisador do futebol, concluiu recentemente um livro sobre o Inter. Lançá-lo-á em 2009, ano do centenário do clube. Cimentado em consultas em 1.500 documentos originais, Cláudio promete muitas revelações acerca das origens do clube. O livro ainda não tem editora. Algumas disputam-no a tapas.
Os Inters
O Inter de Porto Alegre não tem nada a ver com a Inter de Milão, ao contrário do que foi divulgado pelo site do clube. A Internazionale é apenas um ano mais velha do que o Internacional. Uma é de março de 1908, outro de abril de 1909.
O Inter de Porto Alegre tem a ver é com o Inter de São Paulo, clube fundado em 1898, duas vezes campeão paulista, em 1907 e 1928, quando dividiu o título com o Corinthians.
Ocorre que o fundador do Inter, Henrique Poppe Leão, era sócio e chegou a ser jogador desse Inter de São Paulo. Ao chegar a Porto Alegre, Henrique queria continuar militando no futebol. Como sua filiação no Grêmio não foi aceita, fundou outro clube, e nesse tentou reproduzir em tudo o do seu coração.
Os nomes de ambos eram idênticos: Sport Club Internacional, e nos dois predominava a cor vermelha. Henrique só não conseguiu fazer com que o Inter fosse tricolor, como pretendia - o preto ficou de fora do uniforme.
Esse Inter de São Paulo sucumbiu à profissionalização do futebol. Em 1933, foi fundido ao Antarctica e deu origem ao Clube Atlético Paulista.
Por aqui, Henrique Poppe Leão não chegou a jogar no Inter. Aos 28 anos de idade, achava-se muito velho para correr atrás da bola. Seu irmão, José Poppe (por algum motivo ele não era Leão), e seu primo, Luís Madeira Poppe, esses jogaram. Eram novinhos, 18 anos de idade. Os dois estavam no primeiro Gre-Nal, o primeiro jogo da história do Inter.
José era o goleiro, chamado de Poppe II na escalação. Levou os 10 gols no clássico e desanimou. Luís era ponta-direita, Poppe I, chamavam-no. Chegou a jogar o segundo Gre-Nal, depois parou.
Henrique poderia ter sido o primeiro presidente do Inter. Renunciou à honraria em nome de João Leopoldo Seferin, dono da casa onde se fez a reunião de fundação do clube, na João Pessoa, quase em frente à Redenção, onde hoje existe uma padaria.
Henrique foi o segundo presidente. Morreu aos 35 anos de idade, de uremia, doença braba. Se existe um homem que pode ser considerado O fundador do Inter, esse homem é Henrique Poppe Leão.
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