sexta-feira, 22 de março de 2024



22 DE MARÇO DE 2024
CARPINEJAR

A maior goleada sofrida pelo Robinho

Você não precisava ter esperado tanto. Você podia ter assumido o seu crime. Você podia ter dado o exemplo. Você podia ter se arrependido.

Você podia ter se dado conta da monstruosidade que praticou sobre uma inocente sem chance de se defender, ao lado de cinco amigos, num revezamento brutal de violência e sarcasmo, num estupro coletivo.

Seis homens contra uma mulher? Chamar isso de covardia é pouco. Você jogou fora a sua carreira naquela noite, em 22 de janeiro de 2013, na boate Sio Cafe, em Milão, na Itália. O que adianta ostentar tantos títulos e troféus sem a tábua firme da decência?

Descartou os dois Campeonatos Brasileiros (2002 e 2004) e a Copa do Brasil (2010) pelo Santos, La Liga (2006-2007 e 2007-2008) e a Supercopa da Espanha (2008) pelo Real Madrid, a Serie A (2010-2011) e a Supercopa da Itália (2011) pelo Milan.

Colocou no lixo a idolatria brasileira, espanhola, italiana, chinesa, turca, que tinha por onde passava. Espatifou a sua Bola de Ouro e as suas Bolas de Prata.

Tornou-se um extraditado da história da Seleção Brasileira, ninguém mais vai se lembrar de suas pedaladas, de suas arrancadas fulminantes, de seus dribles desconcertantes. Mas o pior não foi ter assassinado o Robinho, o seu personagem no futebol, foi ter aniquilado o homem dentro do jogador, o Robson de Souza. Não sobrou ninguém dentro de você.

Estraçalhou a sua existência a cada dia depois daquele dia em que não assumiu a sua responsabilidade, em que apenas alegou que "não agiu sozinho".

Você tentou mentir, mas não conseguiu. Seus áudios grampeados pela Justiça italiana revelaram a verdade, mostraram que você se vangloriava do ato em meio a gargalhadas, culpabilizando a vítima pela embriaguez.

"Por isso que eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina, a mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem que eu sou." De herói da Vila Belmiro tornou-se um triste vilão internacional, mais um atleta que se acreditava acima da lei pela sua influência e poder econômico.

Conseguiu a proeza de ter todo o seu país torcendo contra você. Não foi a torcida que mudou de lado, foi você que fardou a misoginia, a masculinidade tóxica.

Parecia Copa do Mundo, e você estava na escalação adversária. Você sofreu a maior goleada de sua história no Superior Tribunal de Justiça: 9 a 2. Cada voto favorável de um ministro para a sua reclusão em regime fechado era um gol, e merecia o nosso veemente aplauso.

Não terá mais como escapar da realidade dos fatos: o STJ decidiu que cumprirá em solo brasileiro a pena imposta na Itália de nove anos de detenção.

O que mais me intriga é que, mesmo depois de todo o acontecimento exposto e dissecado em júri, jamais se retratou, jamais pediu perdão à jovem albanesa. Você tinha o direito de destruir a sua vida e sua carreira, mas jamais de arrastar outra pessoa em sua aniquilação.

CARPINEJAR

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