Uma lição de vida dos imigrantes
Pobres, famintos e maltrapilhos, os primeiros italianos chegaram ao Brasil em 1874. Muitos pereceram durante a viagem de navio, que levava, na época, 40 dias para chegar ao novo continente. Foi uma epopeia que precisa ser celebrada. A comunidade de imigrantes está comemorando 150 anos dessa saga. Um ano depois, em 1875, eles vieram para o Rio Grande do Sul. Um dos destinos foi Montenegro e dali se espalharam para outras regiões do Estado.
Eram desvalidos, mas cheios de vontade de trabalhar. Foi assim que os Scola e os Furlin chegaram aqui em 1874, como muitos outros. Não conto isso por ser a minha história. São dezenas de famílias que merecem o reconhecimento. São vencedores. Deixaram para trás uma Itália pobre e dividida, mas trouxeram algo que não se carrega numa mala: o empreendedorismo.
Saíram de suas casas para um país desconhecido. O imperador brasileiro, Dom Pedro II, prometeu aos europeus terras férteis e muito dinheiro. Claro que isso não existia. Mas os miseráveis italianos acreditaram na lorota. O que o Brasil queria mesmo era atrair os imigrantes para ocupar as áreas menos povoadas.
Quando chegaram de navio, primeiro em São Paulo, depois no Rio Grande do Sul, viram que não era nada disso. Teriam de trabalhar bastante para vencer. Sem conhecer nada do novo país, abriram mato a facão, daí o nome picadas, que é quando se corta a vegetação para fazer um caminho. Assentaram-se no meio do mato e formaram pequenas comunidades para sobreviver. Nesses locais, eles plantaram para poder comer.
Desde aquele momento decidiram que se as famílias vivessem juntas teriam mais chance de sobrevivência. Nesse ambiente hostil, conseguiram avançar e hoje seus descendentes são famílias prósperas em áreas como indústria, construção e comércio. Atualmente, estima-se que existam 25 milhões de ítalodescendentes no Brasil. É a maior comunidade de italianos fora da Itália. Só no Rio Grande do Sul, são 130 mil. O Estado brasileiro com mais descendentes é São Paulo, onde a população passa de 300 mil pessoas. Atualmente, todos os descendentes são, no fim das contas, brasileiros.
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