quarta-feira, 6 de março de 2024


06 DE MARÇO DE 2024
OPINIÃO DA RBS

INTEGRAÇÃO NA SEGURANÇA

Fazem todo o sentido as iniciativas acordadas entre os governadores do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) de planejar aquisições conjuntas de equipamentos para a área de segurança pública e firmar um pacto para melhor enfrentar o crime organizado. As tratativas avançaram durante o encontro do grupo realizado entre a última quinta-feira e o sábado, em Porto Alegre. Integram o Cosud, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

As compras em conjunto têm a vantagem de permitir uma economia nos desembolsos. Sete Estados reunidos, negociando grandes volumes, por lógica conseguem ter maior poder de barganha com os fornecedores. Viaturas, armamentos, câmeras corporais e softwares são alguns exemplos de itens que poderão ser barateados com encomendas de grande escala. 

A estratégia colabora com a saúde das finanças dos Executivos estaduais. Pode representar uma economia substancial, importante em especial para os Estados em situação mais delicada de suas contas. Assim, aguarda-se que a ideia seja de fato implementada pelo Cosud, fórum que reúne unidades da federação com população somada de 114 milhões de pessoas, responsáveis por cerca de 70% do PIB brasileiro.

Tem grande relevância, da mesma forma, uma maior colaboração entre Sul e Sudeste para o combate ao crime organizado. Facções nacionais e locais têm cada vez mais conexões em diferentes áreas do país. Atuam geograficamente articuladas com outros grupos. A troca de informações, portanto, passa a ser essencial para um cerco mais efetivo à atuação dos delinquentes. 

O funcionamento dessas organizações é cada vez mais sofisticado, com lavagem de dinheiro, negócios de fachada e operações no mercado financeiro. O compartilhamento de informações e dados a partir do intercâmbio na área de inteligência das forças de segurança, portanto, ganha importância. Tanto para desarticular as quadrilhas e prender líderes como para apreender bens e capitais.

A decisão dos governadores foi de criar um gabinete integrado de inteligência, responsável por coordenar ações e padronizar procedimentos. Seria itinerante, permanecendo seis meses em cada Estado. O essencial é que tenha funcionalidade e cumpra o seu propósito, apesar da previsão de deslocamentos contínuos do centro de comando. Outra vez deve-se sublinhar que o desafio é colocar a estrutura em funcionamento e torná-la perene, sem sofrer descontinuidade com a alternância de poder nos Estados.

Os governadores também defenderam alterações legislativas para tornar o enfrentamento ao crime organizado mais efetivo. Neste ponto, será necessária uma articulação com as bancadas federais para que as propostas prosperem no Congresso. As compras conjuntas e um órgão de inteligência centralizado, ao contrário, dependem apenas da vontade dos governadores de fazer as intenções irem além do plano das ideias. Se as iniciativas forem adiante, haverá benefícios financeiros e ganhos para os cidadãos pelo combate mais eficiente a grupos criminosos.

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