13 DE MAIO DE 2020
ARTIGOS
CORONAVÍRUS, TRABALHO E DESIGUALDADES
Cientistas e especialistas das mais diversas áreas apontam as transformações profundas e irreversíveis que estão transformando "o mundo do trabalho", decorrentes dos constantes e crescentes avanços tecnológicos que experimentamos em quase todas as áreas.
Há uma unanimidade de pensamento no sentido de que tais avanços são poupadores de mão de obra, ou seja, dispensam cada vez mais a intervenção humana. Há consenso, também, de que os novos postos de trabalho que surgem exigem mais qualificação, havendo um claro descompasso entre o ritmo das mudanças e o processo de educação e qualificação dos trabalhadores.
O resultado, que já vivenciamos, afora a redução do emprego, é a falta de trabalhadores preparados para ocupar essas novas funções. De qualquer forma, os pensadores mais reconhecidos acreditam que, embora eventuais inadaptações e solavancos neste percurso, chegaremos a uma situação que permitirá remunerar e alimentar toda a população mundial de forma digna. A questão a se resolver, então, diz respeito à distribuição de renda e, como consequência óbvia, à diminuição das desigualdades.
No caso do Brasil, assolado por corrupção sistêmica e maniqueísmos ideológicos políticos e econômicos, quadro agravado pela pandemia do coronavírus, a solução dessa questão parece ainda mais difícil. O noticiário frequente, lastreado em estudos e dados oficiais, dá conta do aprofundamento, nos últimos anos, dessas desigualdades socioeconômicas.
Neste contexto, almejar qualquer solução mágica ou extremada é inimaginável. O Estado tem um papel importante de regulação, fiscalização e estimulação do crescimento, do qual não pode abrir mão, mas, buscando a diminuição das desigualdades. Enfrentamento da corrupção, uma reforma tributária justa, revisão da reforma trabalhista no concernente à terceirização irrestrita precarizante, revisão da reforma da Previdência no concernente, especialmente, ao grosso da economia projetada em cima dos menos favorecidos, por exemplo, são medidas óbvias de enfrentamento das desigualdades. Tudo a ser feito, porém, deve levar em consideração que os menos favorecidos não têm mais nada a oferecer.
Auditor fiscal do trabalho aposentado, presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho no Estado do Rio Grande do Sul ? Agitra Sindical renatofuturo@terra.com.br
RENATO B. FUTURO
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