segunda-feira, 9 de março de 2020


09 DE MARÇO DE 2020
INFORME ESPECIAL

Os caranguejos e a inovação em Porto Alegre

Um projeto bom e barato está travado na Câmara Municipal de Porto Alegre. O Fundo de Inovação da Capital se propõe a investir R$ 20 milhões em startups e na contratação de soluções criativas para problemas da cidade. Diante de tantas carências, o valor pode parecer absurdo. Mas não é. O investimento capilarizado em boas ideias se paga se apenas uma delas der certo. Com critérios técnicos de avaliação, é pouco provável que alguma das pequenas empresas não prospere. Basta olhar para exemplos que deram certo em outros países.

No caso do nosso fundo municipal, existem questionamentos respeitáveis. Um deles critica o uso de dinheiro público em uma área de risco que caberia unicamente à iniciativa privada. Mas o que se observa, em boa parte da resistência, é uma velada preocupação eleitoral. O sucesso na iniciativa favoreceria a candidatura à reeleição do prefeito Nelson Marchezan. De fato, a lógica indica que, ao votar a favor, o vereador poderia capitalizar também os créditos pela iniciativa. Mas, na terra onde os caranguejos gastam energia para impedir que algum outro saia do balde, as garras afiadas contra a ideia não chegam a surpreender.

De acordo com a prefeitura, os R$ 20 milhões não vêm de impostos, mas sim da venda da folha de pagamentos ao Banrisul. Um dos pontos mais interessantes a serem contemplados é a realização de hackathons, maratonas de tecnologia que envolvem a comunidade na busca de soluções para temas específicos. Um desafio é lançado e as inteligências reunidas passam a trabalhar para encontrar respostas eficientes e inovadoras. Com a palavra, a nossa Câmara Municipal de Porto Alegre. Cabe a ela decidir se está no Século 19, ou no 21.


TULIO MILMAN

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