05 DE MARÇO DE 2020
INFORME ESPECIAL
Uma aposta no Rio Grande que prefere a conversa ao bate-boca
Ao fazer um balanço do seu primeiro mês na presidência do Tribunal de Justiça do Estado, o desembargador Voltaire de Lima Moraes repetiu uma palavra mais do que as outras: diálogo. Não é por acaso. Conversas francas, leais e frequentes têm marcado o relacionamento entre ele, o governador Eduardo Leite e o presidente do Legislativo, deputado Ernani Polo. Essa é uma boa notícia para o Rio Grande do Sul, um Estado que exagera na polarização e que, frequentemente, se orgulha de disputas que não precisariam existir.
Voltaire de Lima Moraes completa seus primeiros 30 dias à frente do TJ em meio a um trabalho de costura e articulação. Aproveitou a ida à Expodireto-Cotrijal para se reunir com magistrados e servidores da comarca de Passo Fundo. É o que chama de "política de coparticipação de gestão". Ouvir mais do que falar tem sido um dos seus mantras.
Voltaire já percebeu que a falta de servidores atrapalha a qualidade do trabalho da Justiça. "Estamos com cerca de 30% a menos de pessoal", afirma. Com voz pausada e serena, o presidente refuta a tese de que o Judiciário é uma ilha da fantasia em meio ao caos financeiro do Estado. "Nossa participação no orçamento é insignificante", afirma, além de relembrar a ajuda dada pelo poder a órgãos como o Instituto-Geral de Perícias e a cedência de parte dos ganhos financeiros dos depósitos judiciais ao Executivo, medida tomada durante a gestão de José Aquino Flôres de Camargo. "Mas essa ajuda não é uma via de mão única", pondera.
A conversa é o ponto de partida. "Não conhecia pessoalmente o governador Eduardo Leite e o deputado Ernani Polo. Estou positivamente impressionado com ambos", conclui.
TULIO MILMAN
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