segunda-feira, 2 de março de 2020



02 DE MARÇO DE 2020
POSSE NO URUGUAI

Lacalle Pou não quer ideologias no Mercosul

O novo presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, pediu ontem que se deixe de lado as ideologias no Mercosul. No discurso em que foi empossado, no parlamento, também anunciou medidas imediatas nas áreas de segurança e economia, entre outras.

- Não deve importar a ideologia política de cada membro do Mercosul. Se deixarmos de lado essas questões ideológicas que podem nos diferenciar, o bloco irá se fortalecer no conjunto internacional - disse o centro- direitista, que, com sua posse, encerrou 15 anos de governos de esquerda no Uruguai.

As diferenças entre os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Argentina, Alberto Fernández, pesam sobre o bloco econômico, formado também pelo Paraguai. O chefe do Executivo brasileiro participou da posse, em Montevidéu.

Durante a eleição uruguaia, Bolsonaro havia declarado apoio público a Lacalle Pou por avaliar que ele e seu partido estão "mais alinhados com os nossos pensamentos liberais e econômicos", disse, na época, o presidente ao jornal O Estado de S. Paulo. A atitude gerou atrito nas relações bilaterais, e Lacalle Pou rebateu, também nas eleições:

- Se eu fosse presidente e houvesse processo eleitoral no Brasil, por mais que gostasse mais de um do que de outro, esperaria os resultados, pois, ganhe quem ganhar, é com ele que tenho de me dar bem.

Prioridades

Após compromisso de honra constitucional na Assembleia Legislativa e antes de seguir até a Praça Independência para receber a faixa das mãos do então presidente, Tabaré Vázquez (da Frente Ampla, de esquerda), Lacalle Pou repassou, em um discurso de 30 minutos, os temas que serão prioridade em sua gestão e anunciou medidas concretas.

Em panorama econômico que classificou como "deteriorado", e após citar que 150 mil uruguaios perderam o emprego, o novo presidente destacou a importância de agir sobre o custo dos serviços:

- Temos um compromisso do qual não se pode fugir, de melhorar a qualidade e o preço dos serviços públicos, adequar os recursos humanos do Estado, gerar apoio direto às micro, pequenas e médias empresas.

Lacalle Pou insistiu em sua promessa de campanha de cortar as despesas públicas:

- O cidadão já fez o esforço para sustentar os gastos públicos e o aparelho estatal. Este governo tem o compromisso de administrar de forma austera, cuidaremos de cada peso do contribuinte.

O novo presidente citou um dos temas que mais preocupam a população e que analistas apontam como fator relevante para a derrota da Frente Ampla: a insegurança.

- Estamos diante de uma emergência. O orçamento de segurança pública quadruplicou desde 2005, e, apesar do gasto, a piora aumenta a cada dia - assinalou.

Por isso, anunciou que irá convocar, hoje, "todas as hierarquias policiais do país, para lhes dar orientações claras sobre a estratégia a ser levada adiante".

Lacalle Pou se tornou, aos 46 anos, o presidente mais jovem do Uruguai desde 1985, ano em que a democracia foi restaurada no país. Formado em Direito, deputado por três mandatos e senador por um pelo Partido Nacional (centro- direita), é filho de ex-presidente e bisneto de líder político histórico.

Como parlamentar, em consonância com a postura conservadora que identifica sua força política, ele votou contra a descriminalização do aborto e o casamento homossexual. Ele também rejeitou a regulamentação da maconha promovida pelo governo de José Mujica (2010-2015), embora já tivesse apresentado projeto de legalização para o autocultivo da erva, que ele declarou abertamente ter consumido em sua juventude, assim como a cocaína.

Ele terá mandato de cinco anos.

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