27 DE JUNHO DE 2019
+ ECONOMIA
A RAINHA DA INGLATERRA
Depois de reclamar que o Congresso queria transformá-lo em rainha da Inglaterra, no caso do projeto de lei que disciplina a atividade das agências reguladoras, o presidente Jair Bolsonaro vetou vários artigos das novas regras. É difícil de entender o motivo da derrubada da maioria dos tópicos: lista tríplice feita por comissão de seleção para que o chefe do Poder Executivo escolha os dirigentes, comparecimento anual obrigatório de diretores ao Senado, quarentena de 12 meses para a nomeação de diretores que tenham participação em empresas com atividades supervisionadas pela agência para a qual foram indicados. Alguém vê problema nesses pontos?
Todos parecem convergir para o objetivo do projeto de lei: dar transparência às atividades das agências e restringir a "porta giratória" (entrada e saída de executivos que ora estão regulados, ora são reguladores). E também reduzir o espaço para o cabide de empregos em que algumas dessas estruturas foram transformadas nos governos petistas. O projeto nasceu na gestão interina de Michel Temer exatamente com essa missão.
Nem a peculiar lógica do presidente parece ter sido aplicada no caso. Além de acelerar a desejada "despetização" do governo federal, o projeto era considerado essencial para que o plano de concessões e privatização do Planalto fosse bem sucedido. Portanto, do máximo interesse dos ministros Paulo Guedes, da Economia, e Tarcísio Freitas, da Infraestrutura.
Claudio Frischtak, da consultoria Inter.B, costuma dizer que a aprovação do projeto, nos moldes em que havia sido proposto, era fundamental para o fluxo de investimento em infraestrutura de que o país precisa. Reduziria o risco regulatório, considerado por estrangeiros muito elevado no Brasil.
- Queremos integridade das agências, precisamos que não sejam politizadas, que não sejam usadas como moeda de barganha. São necessárias para regular investimentos privados e públicos, brasileiros e estrangeiros - disse Frischtak à coluna no ano passado.
Agora, tanto pela forma (a menção à soberana britânica) quanto pelo conteúdo (não tem justificativa técnica), o Congresso acena com a derrubada dos vetos. Mais combustível na usina de crises da República.
Como é raridade, a coluna avisa com antecedência para quem pode se programar: a Hyper Island, escola sueca que oferece soluções e treinamentos focados em transformação de negócios, fará seu quarto curso em Porto Alegre.
É a Business Transformation Master Class, de 17 a 19 de setembro. Vai discutir as principais necessidades dos consumidores diante do avanço da tecnologia.
MARTA SFREDO
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