12 DE JUNHO DE 2019
PERIMETRAL
SECRETÁRIO FACA NA BOTA
Faixa preta em jiu-jítsu e muay thai, comissário de polícia, instrutor de tiro e bacharel em Direito, Rafão Oliveira (PTB) chama atenção, em primeiro lugar, pelo corpanzil: são 110 quilos distribuídos em 1m92cm de altura - e ele informa que "só 8% é gordura corporal".
Mas o novo secretário de Segurança de Porto Alegre, nos últimos tempos, também atraiu olhares devido a seus posts nas redes sociais. "Fui fazer a sessão de fotos pra minha campanha a deputado estadual e encontrei esse REMÉDIO PARA PEDÓFILOS", escreveu ele no Facebook, em agosto passado, quando posou empunhando um intimidante pedaço de pau.
Em outras publicações - entre aplausos a Bolsonaro e Olavo de Carvalho -, Rafão aparece apontando uma escopeta para a câmera enquanto defende a pena de morte.
- Sou policial há 27 anos, então as armas são meus instrumentos de trabalho. As fotos até podem impactar alguém, mas é como se um marceneiro posasse com serrote e martelo - compara ele, suplente de vereador que, neste ano, chegou a ocupar por quatro meses uma cadeira na Câmara.
Aos 48 anos, casado e pai de quatro filhos, Rafão diz que "será uma bênção cuidar de 1,5 milhão de habitantes". Como secretário, sua meta é terminar o cercamento eletrônico da cidade, por meio de lombadas e pardais, e montar uma "estratégia integrada" da Guarda Municipal com a Brigada Militar para "devolver a liberdade" aos porto-alegrenses - especialmente em praças e parques, áreas de competência do município.
- É uma responsabilidade muito grande que vou cumprir com maestria - avisa ele.
Questionado sobre como botará em prática seu inflamado discurso contra os criminosos, Rafão pondera, primeiro, que "a segurança repressiva está a cargo do governo estadual". Mas diz que a "ditadura da bandidagem" não pode mais seguir determinando a forma como cada cidadão toca sua vida:
- Com bandidagem não tem negociação. Até porque a opção do confronto sempre vai ser do bandido. Minha meta é fazer com que no Brasil, aos poucos, não seja um bom negócio ser criminoso. É uma missão de paz, não de violência.
A CARA DA RUA
Não conheço nada de Porto Alegre, só o caminho do trabalho. Morro de medo de me perder, ser assaltada,essas coisas. Então,pego meu ônibus em Gravataí às seis da manhã, venho para o trabalho e pronto. Não tenho curiosidade de conhecer mais. Acho muito movimento, muito povo. Esse vuco-vuco todo, não sei de onde sai tanta gente.
Denise Medeiros Mendes, na Rua Uruguai
PAULO GERMANO
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