sábado, 29 de junho de 2019



29 DE JUNHO DE 2019
URBANISMO

Pôr do sol já não é mais a deixa para voltar para casa

Se até um ano atrás alguém questionasse o advogado Claudio Francesconi, 36 anos, sobre qual o melhor lugar para curtir um happy hour depois de uma audiência no Foro Central, a orla nem sequer figuraria entre as possibilidades citadas por ele.

Por volta das 18h de uma quarta-feira, sob temperatura de menos de 10°C à beira do Guaíba, estava claro que o jogo virou.

Vestindo camisa, sobretudo e gravata, Francesconi degustava uma cerveja sentado a uma mesa externa de um dos bares localizados no novo espaço.

- É o tipo de coisa que só vendo para acreditar. Gosto de viajar para outros lugares, outras capitais, e esse (local) não perde para nenhum. Ficou de primeira - comenta o advogado, que agora nutre expectativas pela revitalização do trecho 3, prevista para o ano que vem.

O aproveitamento noturno é talvez um dos principais diferenciais pós-revitalização da orla. No antigo espaço, que tinha poucos atrativos, pontos de escuridão e segurança precária, o pôr do sol era a deixa para voltar para casa.

Com farta iluminação, quatro bares e um restaurante panorâmico, o local passou também a reter o público também no período do dia sem luz natural.

Músico de Córdoba, na Argentina, Cesar Aguero, 36 anos, virou atração noturna do Sheik Burguer, meio por acaso. Ele passeava pelo local no fim de semana quando viu uma banda tocando no bar e pediu para dar uma canja. Se apresentou por quase três horas.

- Já tinha tocado em Porto Alegre outras vezes, mas esse lugar é diferente. Me parece que está conectado com as pessoas daqui, que sempre estão com um sorriso no rosto - afirma o argentino.

PRESENÇA DA GUARDA E QUALIDADE DE VIDA

Atrações musicais, aliás, entraram na rotina da nova orla, que agora conta com apresentações quase diariamente.

A sensação de segurança trazida pela melhora estrutural, em razão da presença da Guarda Municipal e o movimento quase constante também tornou o lugar atraente para eventos diversos - alguns deles um tanto conturbados -, que por vezes se estendem madrugada adentro.

Moradores da Rua Riachuelo, a designer de produto Julia Henkin e o publicitário Evandro Zucatti são entusiastas da ocupação em tempo integral do espaço, que passaram a frequentar em diversas noites.

- Antes, não tinha atrativo nenhum. Agora, às vezes, a gente ouve música de casa, vem aqui ver e tem evento rolando. A mudança trouxe uma coisa que Porto Alegre não tinha, que é qualidade de vida - diz Evandro.

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