25 DE JUNHO DE 2019
ECONOMIA
Temor de impacto no segmento imobiliário
Em tese, na avaliação de especialistas ouvidos por ZH, não há motivos para preocupações em relação à sustentabilidade do FGTS caso o governo decida liberar novos saques - mesmo incluindo contas ativas, uma novidade em relação à última liberação, há dois anos. O que preocupa parte deles é o possível impacto sobre a construção civil.
Presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado, Aquiles Dal Molin Júnior confirma o temor no setor:
- Uma das poucas fontes de recursos para financiar a construção civil, principalmente de baixa renda, vem do FGTS, e isso gera emprego, impostos e qualidade de vida para as pessoas.
Hoje, o fundo tem estoque considerado alto, de R$ 525 bilhões, o que garante solidez ao sistema. Em 2017, foram retirados R$ 44 bilhões após autorização de Michel Temer. Agora, segundo fontes do governo, o valor dificilmente passará disso, o que significaria, no máximo, de 5% a 10% do saldo, sendo que novos depósitos seguem ocorrendo.
- Sinceramente, não me preocuparia. A ordem de magnitude é perfeitamente administrável - assegura o consultor econômico Raul Velloso. A avaliação é compartilhada pelo professor de Administração Pública Álvaro Guedes, da Unesp:
- Movimentações no FGTS ocorrem em prazo alongado, por isso ninguém corre o risco de perder o seu direito de uma hora para outra. Além disso, o rendimento do fundo é baixo, então é positivo para o trabalhador poder resgatar.
Na mesma linha, o economista Fernando Ferrari Filho, da UFRGS, argumenta que a nova liberação, se confirmada, será "pontual" e "monitorada".
- O que pode acontecer é alguns setores reclamarem. O FGTS financia investimentos em obras públicas e tem grande importância para a construção civil - lembra Ferrari.
Afetado pela crise, esse setor vem tentando se recuperar, e o FGTS responde por quase metade dos recursos destinados à compra de moradia via crédito imobiliário. O economista Fábio Pesavento, da ESPM-Porto Alegre, faz a ressalva de que "liberar os saques é bom, mas é necessário cuidado":
- Ao permitir resgates, o governo injeta recursos na economia. Ao mesmo tempo, em tese, tira dinheiro da construção civil, que emprega muita gente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário