segunda-feira, 5 de novembro de 2018



05 DE NOVEMBRO DE 2018
ARTIGOS

A POESIA QUE NOS MANTÉM VIVOS

Que triste a escola que não oportuniza a chance de seus estudantes sonharem, chorarem, debaterem livremente sobre o presente e o futuro. Num tempo em que boa parte da vida deles se passa na web - cheia de riscos -, a escola é o lugar mais seguro, o espaço mais preparado para mediar as possibilidades do olhar.

O que preocupa é o clima de ameaça que hoje ronda todos os espaços de ensino, a suspeição sobre o papel dos professores, o questionamento sobre o sentido de autonomia. Não deveria ser necessário, mas é preciso lembrar que a liberdade é vital para criar métodos pedagógicos e modos de pensar a sala de aula. Mas, claro, não governa sozinha. A autonomia está condicionada à Constituição Federal e a uma série de leis, normas, regimentos internos, planos, metas, reuniões, enfim. Está em jogo também a cultura de cada instituição.

Por certo que a escola não é imune a questionamentos e erros, mas é preciso cuidar a dose, para que a atenção não ganhe o tom de censura, cerceamento. No lugar de prevenir, o remédio pode ter como consequência a secura. Quando o olho de um professor para de brilhar, a escola perde a poesia. E como diz aquele professor de literatura que refundou a sociedade dos poetas mortos, nada contra as demais matérias, mas é a poesia que nos mantêm vivos.

CLÁUDIO BRITO

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