12 DE NOVEMBRO DE 2018
CAMPO ABERTO
Clima de El Niño no horizonte do estado
Ingrediente determinante para uma boa produção, o clima da próxima safra de verão deve ter a cara do El Niño. O fenômeno se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e costuma trazer consigo temporada de precipitações reduzidas no norte e ampliadas no sul do Brasil. Os prognósticos apontam, no entanto, para ocorrência fraca.
No Rio Grande do Sul, a maior preocupação para os produtores costuma vir de anos com projeções de chuva escassa e não de anos com precipitações acima da média. O meteorologista João Luiz Martins Basso, da Somar Meteorologia, lembra, no entanto, que apesar da elevada umidade ser benéfica no enchimento de grão, em excesso, pode trazer prejuízos:
- Dias nublados, sem luminosidade, podem afetar o desenvolvimento da cultura. Assim como quando ocorrem períodos mais chuvosos, a qualidade das lavouras pode ser afetada.
A perspectiva de termos um El Niño para os meses de dezembro, janeiro e fevereiro surgiu com maior clareza nas últimas três semanas, explica o professor e climatologista Francisco Eliseu Aquino, diretor do Centro Polar e Climático da UFRGS:
- No momento, agências internacionais de prognósticos estão em um certo consenso: entre 60% e 70% de chances do fenômeno se configurar no final do ano, início de verão.
No Estado, deveremos ter, além da possibilidade de chuva intensa, temperaturas um pouco acima da média, da Região Central para o Norte. No Sul, a tendência é de registros dentro da média.
Há a discussão, ainda, de que esse poderá ser um El Niño modoki, quando o aquecimento das águas do Oceano Pacífico não ocorre de maneira uniforme.
Dentro desse cenário, por enquanto, as estimativas são de que não haja efeitos a ponto de influenciar negativamente os resultados da safra de verão, em que são cultivados carros-chefes da economia gaúcha, como soja, milho e arroz.
- Houve problemas na arrancada (plantio) da safra. Mas estamos trabalhando com a perspectiva de normalidade - afirma Lino Moura, diretor técnico da Emater.
Um brinde aos orientais
O que a produção de uvas da Serra e países como Cingapura, China e Japão têm em comum? Muito. Os três países são os principais destinos de espumantes produzidos no país - o continente asiático comprou 41,6% do exportado pelo Brasil de janeiro a setembro, o que representa 73,3 mil litros e faturamento de US$ 222,3 mil.
Só os chineses ampliaram em 73,2% a importação dos espumantes brasileiros. O país asiático é alvo dos projetos Wines of Brazil e 100% Grape Juice of Brazil, desenvolvidos por Ibravin e Apex- Brasil. Sete vinícolas do RS (Aurora, Bueno Wines, Canção, Casa Perini, Miolo, Peterlongo e Salton) participam, de amanhã até quinta, do 5 º ProWine, em Xangai.
- A feira atrai público de diversos países orientais, por isso, também é oportunidade de prospectar distribuidores e ampliar o espaço do vinho brasileiro, com o foco em espumantes - diz Diego Bertolini, gerente de Promoção do Ibravin.
no radar
A MANUTENÇÃO por dois anos das alíquotas de ICMS, ampliadas no governo Sartori, recebeu apoio da Federação das Associações de Arrozeiros do RS. Em nota, a entidade afirma que a medida é necessária para o restabelecimento e manutenção de serviços fundamentais à sociedade gaúcha. Mas se mostrou contra reajuste de 5,58% pleiteado pelos Poderes Legislativo e Judiciário, MP e Defensoria Pública.
Quem está em dia ficou para trás
Os agricultores familiares em dia com as contas do Pronaf ficaram de fora das concessões feitas por meio da conversão em lei da Medida Provisória 842/2018, sancionada na última sexta-feira pelo presidente Michel Temer. A legislação traz, entre outros itens, as condições para as renegociações do Funrural.
O artigo que tratava da possibilidade de desconto de até 60% na quitação de produtores adimplentes foi vetado por Temer. A única alternativa seria, agora, tentar derrubar o veto no Congresso - o benefício havia recebido o aval de deputados e senadores. Considerando o pouco tempo que existe até o final do ano e outras pautas a serem avaliadas, será preciso se apressar.
- Temos 40 dias pela frente - diz Heitor Schuch (PSB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar.
dia de Café com Leite
Na tentativa de convencer o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) a manter a Secretaria do Desenvolvimento Rural em seu governo, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) vai pôr à mesa o que as agroindústrias familiares gaúchas têm de melhor. Cucas, geleias, queijos, salames e sucos estarão no cardápio do encontro marcado para esta manhã, na Capital, na sede da entidade.
- Vamos nos colocar à disposição dele. Também queremos saber o que está pensando para a agricultura familiar, e o que vai acontecer com a Secretaria do Desenvolvimento Rural - diz o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva.
Durante a eleição, a Fetag entregou documento com a pauta de reivindicações para Leite - e todos os candidatos ao Piratini.
GISELE LOEBLEIN
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