21 DE NOVEMBRO DE 2018
SEGURANÇA
Motorista, proteja-se do golpe do chapolin
APARELHO PERMITE QUE LADRÕES ingressem nos veículos e furtem objetos no momento em que donos pensam ter acionado o alarme
As compras rápidas no caminho para casa, após sair do trabalho, transformaram-se em transtorno para um representante comercial de 65 anos, morador de Porto Alegre. Quando voltou para o carro, no estacionamento do supermercado, na Avenida Ipiranga, bairro Santa Cecília, descobriu que seus pertences tinham sido levados. O que lhe intrigava era a certeza de que havia acionado o alarme. Para a Polícia Civil, trata-se de mais uma vítima do uso do chapolin, dispositivo empregado por ladrões nos furtos em automóveis.
O equipamento, semelhante a um controle remoto, embaralha os sinais eletromagnéticos do alarme e impede que o veículo seja trancado. Alguns modelos conseguem, inclusive, copiar o código de segurança da chave. Quando o proprietário se afasta, os ladrões entram rapidamente no carro e levam o que estiver dentro. Rádio, estepe, GPS, mochila, tablet, notebook e celular estão entre os itens mais cobiçados pelos criminosos.
Em Porto Alegre, neste ano, segundo a Polícia Civil, foram registrados oito casos nos quais há suspeita de que foi usado o chapolin. Em geral, os ladrões utilizam o aparelho para furtar os objetos dentro do automóvel.
- Não são índices altos. Mas isso realmente causa problema bem grande. Já vi casos em que um furto em veículo causou prejuízo de R$ 10 mil ao proprietário. Em geral, os crimes acontecem em estacionamentos de grandes comércios, como supermercados ou shoppings, mas também em ruas, com pouca movimentação. Eles visam algum objeto de valor - explica o delegado Adriano Nonnenmacher, da Delegacia de Roubos de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Os ladrões costumam ficar atentos à movimentação dos condutores. Agem no momento em que o motorista fecha o carro e, distraidamente, não confere se realmente está trancado. O acionamento precisa ser no mesmo momento em que a vítima utiliza o controle do veículo.
- Muitas pessoas, quando encontram uma vaga para estacionar, descem rapidamente do carro e acionam o alarme quando já estão caminhando. Isso é um perigo porque não vai ter certeza que foi trancado - alerta o policial.
Na internet, o dispositivo é comercializado como um controle remoto, em sites de compra internacionais. A polícia sabe que o aparelho também é vendido de forma irregular em outros comércios. A fácil aquisição preocupa.
- Infelizmente, essas vendas, sem fiscalização, são um problema. O mesmo ocorre com peças veiculares que estão sendo vendidas pela internet - afirma Nonnenmacher.
Os objetos subtraídos pelos ladrões normalmente são revendidos por valores reduzidos. Quem é flagrado cometendo esse tipo de crime pode responder por furto qualificado. Já quem adquire os itens furtados pode ser punido pelo crime de receptação.
LEMBRO COM CERTEZA QUE TRANQUEI O CARRO
O representante comercial, que prefere não ser identificado, lembra que chovia naquela noite de agosto, quando procurava uma vaga no estacionamento. Assim que outro automóvel saiu, estacionou o Cobalt e seguiu rapidamente em direção ao supermercado.
- O alarme não emite som, mas lembro com absoluta certeza que tranquei o carro. É um cuidado que sempre tenho porque costumo deixar coisas dentro - recorda.
O representante não recorda de ter alguém próximo no momento em que desembarcou. Conforme o delegado, alguns criminosos permanecem dentro de outro veículo, aguardando a chegada da vítima. A distância alcançada pelo aparelho varia, mas alguns modelos, oferecidos em sites, prometem desempenho em até 600 metros.
VÍTIMA TEVE GPS LEVADO PELOS CRIMINOSOS
Foram cerca de 20 minutos entre o momento em que o representante estacionou e retornou ao carro com as compras. Após abrir a porta, percebeu que o porta-luvas estava aberto. Como não havia nenhum sinal de arrombamento, não se preocupou imediatamente. Quando procurou pelo GPS, percebeu que tinha sido levado. A mochila, com outros pertences, também desapareceu. Depois de ter sido vítima, adota outros cuidados.
- Fiquei no prejuízo uma vez. Agora desço, aciono o alarme, espero alguns segundos e confiro se está mesmo trancado - conta.
LETICIA MENDES
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