sexta-feira, 30 de novembro de 2018



30 DE NOVEMBRO DE 2018
ARTIGO

QUANDO A MINORIA VIVE COMO MAIORIA

Costumamos nos perguntar por que algumasregiões são mais inovadoras e ricasque outras. Chama atenção, no final dascontas, como o sucesso de todas as geografias sedeve em grande medida a como tratam a questãoda diversidade.

Trata-se de tema que toca diretamente o desenvolvimento, e sobre o qual nós, gaúchos, ainda temos bastante a aprender. Recebemos as minorias? Respeitamos suas culturas? Aprendemos com as diferenças? Não fizemos cara feia quando os haitianos vieram? Escrevo neste momento de Miami, que, assim como Chicago, Seattle, San Francisco ou Nova York, está se tornando um dos centros urbanos mais avançados dos Estados Unidos.

Em Miami, negros, judeus, hispânicos, deficientes, italianos, LGBTs e americanos convivem harmoniosamente. Estão tanto atrás das cozinhas quanto nas mesas de restaurantes. Caminham de quipá na cabeça, fazem compras de skate e dirigem carros enormes sem disputar centímetros no trânsito. Fazem 11 tatuagens no corpo e ninguém está passando régua na métrica de adequação.

Aqui no sul da Flórida, a minoria vive a vida da maioria. O varejo e os supermercados expõem ilhas de roupas com o símbolo do orgulho LGBT. As sinagogas funcionam sem grades e símbolos judaicos e cristãos compartilham espaço. Os cubanos escutam música alta. Os negros tiram selfies em espreguiçadeiras na beira da praia. As crianças brincam em praças abertas e os pais não se preocupam em colocá-las rapidamente nos carros com medo de serem assaltados.

Isto parece ser o que acontece quando a maioria se dispõe a calçar os sapatos das minorias: oportunidades dadas pela própria iniciativa privada gerando satisfação e cuidado urbano, explosão cultural e riqueza coletiva.

Talvez devêssemos nos apropriar do exemplo dessa cidade para onde costumamos vir passear, trabalhar ou mesmo morar e, em vez de apenas reclamar de que tudo é pior onde vivemos, propor pequenas ações, projetos empresariais ou de experiência de marca que nos aproximem de um modelo de convivência mais útil a nosso desenvolvimento e felicidade.

CASSIO SCLOVSKY GRINBERG

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