13 DE NOVEMBRO DE 2018
ARTIGOS
A CIDADE QUE ABRAÇA SEU RIO E SEU FUTURO
Vivemos uma época de importantes transformações. A tecnologia que nos abriu as portas para o mundo também nos fez olhar para dentro de nós mesmos e redefinir paradigmas, com impactos nos conceitos de moradia e em nosso diálogo com a cidade.
A cidade, por vezes incompreensível e caótica, se transforma e se qualifica para acolher a nossa vontade de vivê-la como extensão de nossas casas. Uma grande área condominial pública por natureza para ser compartilhada de forma colaborativa.
Porto Alegre se transforma para acolher esse paradigma em suas ruas, praças, parques, comércio de rua e ultimamente na extensa relação física e poética que estabelece com o Guaíba.
As margens do rio enchem- se de vida e transbordam de olhares ansiosos pela dança das águas tocadas pelos últimos raios do pôr do sol. Um espetáculo que tem um gosto especial por reconhecermos nele nosso sotaque.
Hoje olhamos novamente para onde tudo começou e nos reconectamos com a orla do Guaíba. A cidade conhecida por virar suas costas para o rio hoje volta para ele seu olhar e seu carinho.
Há algum tempo, acreditamos nessa virada e hoje temos certeza de que estamos colhendo os frutos, vendo a cidade abraçar o Guaíba e a beleza dessa mudança de ponto de vista.
Se a arquitetura funciona como uma ferramenta para alcançar a sofisticação da simplicidade e da verdade, o papel do arquiteto deve ser o de antecipar esses movimentos e apostar nessas mudanças, olhando para o futuro, mas respeitando o passado.
Porém, nesta empreitada somos todos arquitetos, curadores da cidade que queremos. Juntos defenderemos que ela se torne um palco qualificado para a vida que compartilhamos, através de seus espaços e de uma arquitetura mais sensível e mais humana.
Um ambiente formado por edifícios e espaços mais humanos, que dialoguem de forma positiva com seu entorno.
A cidade do amanhã está sendo construída hoje e a Porto Alegre que deixaremos para nossos filhos e netos é fruto das nossas escolhas e do nosso olhar.
MÁRCIO CARVALHO
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