sexta-feira, 1 de maio de 2009



Dia do trabalho, bate-boca & cia.

Ao que se sabe, nunca antes na história do Supremo Tribunal Federal houve um bate-boca semelhante ao ocorrido entre os ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Dizem que é desentendimento antigo, bronca que vem de várias décadas.

Bem, mas até os setenta anos previstos para a aposentadoria expulsória de ambos, eles têm uns quinze anos para acertar os ponteiros. Excluindo, talvez, as relações familiares e amorosas, o trabalho é a relação mais duradoura da vida das pessoas e a que pode trazer mais encantos e desencantos.

Antigamente houve luta por apenas 8 horas de trabalho diárias, hoje milhões lutam por emprego e os que têm emprego lutam por uma jornada de seis ou menos horas. Muitos lutam pelo ócio criativo. Tô dentro! Oito horas de trabalho, oito de descanso e oito de diversão é a divisão ideal de um dia. Mas o fato é que a história do trabalho humano, ao lado da história do amor e da família, é a parte mais bonita da história da humanidade.

Sim, claro, no caso das pirâmides, construções de algumas cidades e outras obras faraônicas, houve muita exploração de trabalho, corrupção, castigos etc, mas, ao menos, restaram para a posteridade os exemplos concretos do que pode o suor de muitas pessoas, que, mesmo no anonimato, deixaram boas obras para as futuras gerações.

No bate-boca do STF, com palavreado inédito, suas excelências comentaram modos de ser e de trabalhar. Diálogo duro, clima pesado, ao vivo, tempo real e tal. Na comemoração de mais um

Dia do Trabalho, penso nas pessoas que apreciam e comentam com bondade, respeito e consideração o esforço e o trabalho alheio.

Infelizmente ou felizmente a maioria de nós está longe de ser e de trabalhar como Leonardo Da Vinci, Einstein, Freud, Michelangelo, Tom Jobim, Machado de Assis e outros grandões da humanidade.

Hoje todo mundo fala tudo, a toda hora, em todo lugar, por todos os meios, sem limites. O silêncio já não é mais de ouro? Não se ganha mais a discussão deixando de iniciar a discussão? Ninguém mais pensa nada antes de abrir a boca? Microfones e câmeras fazem até mudos abrirem o tarro e despejar palavras à vontade? Complicado, né?

Mas não custa pensar um pouco sobre silêncio, delicadeza, educação e trabalho digno, criativo e até divertido para todos. Trabalhar com a alegria séria de uma criança que brinca é o ideal. Elogiar o suor do próximo nunca deu muito trabalho a ninguém, mas sempre animou os trabalhadores.
Jaime Cimenti

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