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sábado, 9 de maio de 2009
10 de maio de 2009
N° 15965 - PAULO SANT’ANA
Bem e mal
Era tão pessimista, que a cada um que encontrava não perguntava “olá, tudo bem?”, indagava, isto sim, “olá, tudo mal?”.
E ai de quem respondesse que ia tudo bem. Acusava-o de ser fingido ou mentiroso.
Já a mim, quando perguntam se está tudo bem, respondo: está tudo normal.
Esta palavra, “normal”, me parece ser uma boa resposta para quem quer saber como vai a minha vida.
Quando digo “normal”, supõe-se qualquer coisa, que está tudo como sempre ou que ora vou bem, ora vou mal, que a vida é assim mesmo, cheia de altos e baixos.
E às pessoas mais inteligentes não escapa que dentro da palavra “normal” está contida a palavra “mal”.
Acontece que não me atrevo a dizer que está tudo bem e me envergonho de dizer que vai tudo mal.
Outras vezes, se não fosse enfadonho responder além da formalidade, gostaria de dizer que vai tudo bem porque está tudo tão mal, que já não há espaço para piorar.
Raras vezes, quando alguém é perguntado se está tudo bem, responderá que está tudo mal.
“Olá, como vais, tudo bem?”. O melhor é dizer que está tudo bem para não encompridar a conversa.
Porque, se a gente for dizer que está tudo mal, terá de obrigatoriamente explicar o que vai mal.
Não há nada mais cruelmente constrangedor do que, dito que está tudo mal, retruque alguém de “por que está tudo mal? “.
Se alguém me pergunta por que está tudo mal, respondo que é porque não está tudo bem.
E a gente é tão comodista, que, se não está tudo bem, conclui-se, então, que vai tudo mal.
E mesmo quando não sentimos que está tudo mal, concluímos que isto não quer dizer que está tudo bem.
Ih, lá já vem aquele chato perguntar se está tudo bem. Será que ele não é suficientemente sensível para saber que comigo tudo vai sempre mal?
E gosto muito de uma outra resposta a essa pergunta que me fazem: quando alguém me indaga “Como vais?”, respondo imediatamente: “Vou indo”.
“Vou indo” tonteia o curioso. Ele vai quase a nocaute e puxa logo outro assunto.
“Vou indo” é uma solução genial: ela tanto não nos obriga a dizer mentirosamente que vamos bem quanto não dá para quem pergunta a alegria da resposta de que vamos mal.
Além disso, na expressão “vou indo”, está embutida uma forte carga de sinceridade.
É a mesma coisa que, indagado sobre “como vais?”, a gente responder “vou vivendo”.
“Vou vivendo” resume tudo, quer dizer que ora se vai bem, ora se vai mal, bem assim como é a vida de todo mundo.
Quer dizer também que vai mal mas podia ser pior ou que vai bem mas bem que podia estar melhor.
“Mal ou bem, eu vou indo bem” é uma resposta que quer dizer que “eu vou regular”.
Uma outra resposta contundente é “vou bem mal”. Ou, então, quando indagado se vou bem, respondo: “Bem, eu acho que vou mal”.
Ou, então, esta outra, mais tergiversativa: “Mal e mal pressinto que vou bem”.
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