Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
07 de maio de 2009
N° 15962 - RICARDO SILVESTRIN
Ver e ouvir
Durante séculos, a poesia foi uma arte que criou com o som das palavras. As rimas e as métricas facilitavam a memória de quem iria dizer o poema, muitas vezes longo, contando e cantando os grandes feitos de um herói. Escrever esses textos servia apenas para registrá-los a fim de que não se perdessem. Era o que faziam os copistas.
Ler o poema no papel e não mais ouvir da boca do poeta é coisa que vira moda depois de Gutemberg. Com os livros, os poetas passaram a incorporar um novo elemento ao texto: o papel. E, nele, a palavra como desenho. Saímos do reino do ouvido para o dos olhos.
Trajetória inversa à da história da poesia teve que fazer o poeta paulista Glauco Mattoso. Leitor desde muito cedo, foi acometido por um glaucoma. Daí, ironicamente, criou seu pseudônimo GlaucoMattoso. Enquanto ainda enxergava, criou os geniais textos do Jornal Dobrabil. Eram cartas, dobradas, colocadas em envelopes e enviadas para diversas pessoas. Lidava com os tipos da máquina de escrever, criando letras enormes com a repetição das letrinhas datilografadas.
Quando não mais enxergou, desenvolveu uma intensa produção de sonetos: rimados, com contagem de sílabas e número fixo de estrofes e versos. Sem a visão, pegou as palavras novamente pelo som. Um dos seus livros se chama Poética na Política. Ouve aí um dos sonetos: “Fulano é candidato e, na pesquisa, / dispara feito um Senna, lá na frente. /
Sicrano também quer ser presidente, / mas, como é governista, se narcisa. // Fulano em bronca nada economiza. / Sicrano, o branco, rindo, mostra o dente. / Barbudo, diz Fulano que “Ele mente!” / Farsante, tem Sicrano a cara lisa. // Por fora corre o cínico Beltrano, / gozando, no debate, os dois primeiros: / “Aquele dá calote; este dá cano!” // Produto, todos os três, dos marqueteiros, / não têm ciência ou fé, projeto ou plano: / iguais, de resto, aos outros brasileiros”.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário