segunda-feira, 4 de maio de 2009



04 de maio de 2009
N° 15959 - PAULO SANT’ANA


Feliz aniversário!

Pensando melhor, a minha relação com jornais remonta ao ano de 1952, quando eu tinha 13 anos de idade.

O predomínio do Correio do Povo era amassante. O Diário de Notícias mal lhe fazia uma pobre concorrência.

No domingo, um exemplar do Correio do Povo pesava quase um quilo e meio, os seus classificados eram avidamente procurados por toda a sociedade.

Eu sempre achei que sou um inútil como empreendedor. Mas como é que tive a ideia, menino ainda, de comprar o Correio do Povo dos domingos, pelo preço de banca, 0,50 de um cruzeiro, e vendê-lo a um cruzeiro, ganhando nada menos que 100%?

E lá ia eu, do fim da linha do bonde Partenon, uma parada após o Hospital São Pedro, sobraçando 30 exemplares do Correio do Povo, para revendê-los ali, desde onde hoje é o Presídio Central, até, pela Rua Intendente Azevedo, no rumo do limite dos bairros Glória e Partenon, vendendo os meus jornais onde não havia bancas de jornais.

Como é que eu tinha apenas 13 anos de idade e já ganhava meu spread? É que o Correio do Povo era quase um monopólio no Rio Grande do Sul.

Anos mais tarde, a minha ligação com os jornais se restabeleceria: passei a entregar o Jornal do Dia, uma publicação católica, cujas oficinas eram na Rua Duque de Caxias.

Das duas horas da manhã em diante, lá ia eu, com chuva, com frio, furando as madrugadas e entregando os meus jornais para os assinantes do bairro Cristal, como milhares de adolescentes fazem hoje ainda para entregar esta mesma Zero Hora em que hoje escrevo.

Não vamos longe, em 1968, um avião transportava o Correio do Povo e a Folha Esportiva, jornais da Caldas Jr., até as praias do litoral gaúcho.

O avião atirava no ar os pacotes de jornais ao longo das areias das praias. Em Capão da Canoa, o garoto com 13 anos que apanhava o pacotão de jornais, lançava-o dentro do carro de seu pai e ia levá-lo até o distribuidor da região chamava-se Nelson Sirotsky, que veraneava na Praia de Atlântida e fazia esse bico todas as manhãs, aprendendo desde cedo a trabalhar e ganhar algum dinheirinho como reforço do seu sustento.

Ou seja, nós nos alegramos de prestar serviços a esta Zero Hora que hoje está completando 45 anos, mas no tempo de nossos pais mourejamos em árduos e inexorabilíssimos trabalhos transportando os fardos pesadíssimos do Correio do Povo.

Hoje, aqui em Zero Hora, nossa tarefa é mais leve, mas não menos estafante. Foram 45 anos de conquistas.

Quando comecei aqui em Zero Hora, em 1971, nosso jornal era o quarto colocado em circulação. Rodavam apenas 13 mil Zero Hora diários.

Na frente dele estavam o Correio do Povo, a Folha da Tarde e a Folha da Manhã, todos da Companhia Jornalística Caldas Jr.

Zero Hora veio vindo, veio vindo, como uma pirâmide em demanda do infinito, assumindo hoje uma liderança no mercado de jornais que nos orgulha.

Mas começou pequena a Zero Hora. Fruto do trabalho de milhares de servidores nestes últimos 45 anos, afirmou-se como uma cachaça dos gaúchos, nada há que aconteça em nosso Estado e no mundo que não repercuta neste jornal.

E sabem muito bem nossos leitores, ninguém sabe melhor que eles, que o dia das multidões só estará completo se cedo da manhã lançarem com delícia os olhos sobre estas suas páginas vibrantes de notícias e opiniões.

Feliz aniversário!

Nenhum comentário: