sábado, 2 de maio de 2009



02 de maio de 2009
N° 15957 - PAULO SANT’ANA


US$ 12 trilhões!

Uma coisa que leio nos jornais e vejo na televisão e não consigo entender: foram gastos US$ 12 trilhões para atenuar a atual crise econômica global.

Imagino que os EUA gastaram de US$ 4 a 5 trilhões, a China outro tanto. O resto foi gasto pela Europa e outros países, inclusive o Brasil.

Eu sempre ouvi dizer que, quando um país emite dinheiro em demasia, logo sofre os efeitos nefastos da inflação. Eu não noto inflação no mundo.

Mas estes países emitiram esta fortuna colossal? Ou esta gigantesca e nunca antes referida quantia é um dinheiro virtual?

Eu fico impressionado porque esse manancial inesgotável de dinheiro daria para varrer a fome do mundo em 50 anos, daria para acabar com o problema habitacional e de saúde no mundo em 20 anos.

E como é que estes países nunca cogitaram de utilizar essa montanha de dinheiro para fins nobres e sociais e agora se aprestam a socorrer o mercado global? De onde saiu – ou não saiu – esse dinheiro?

Explica-me a nossa colunista de economia Lurdete Ertel que essa pilha de dinheiro tem diversas origens, não vem apenas de novas emissões.

Uma dose dos recursos vem de isenções tributárias, como as que o Brasil está oferecendo para os automóveis e aparelhos eletrônicos – como geladeiras. Ao zerar o IPI, o governo deixa de arrecadar e esse volume de dinheiro entra na conta do socorro.

Outra fatia gorda dos recursos está saindo do próprio bolso dos governos, por meio de financiamentos públicos para empresas, e das reservas cambiais que os países acumularam em tempos de fartura. O que também é o caso brasileiro, lembra Lurdete.

Agora, os Estados Unidos realmente estão lançando mão da impressora de dinheiro para conseguir bancar o rombo de seus bancos e outros socorros do gênero, diz a colunista. E essa emissão só não vem gerando inflação atualmente porque a economia está em recessão – ou seja, a baixa demanda ainda segura os preços dos produtos.

“Mas em algum momento ali na frente, assim que as economias reagirem, o dragão da inflação pode voltar a apontar as orelhas nos países que recorreram à emissão de moeda. E esse processo inflacionário tenderá, no futuro, a provocar uma guinada na curva de juros do mundo – que hoje está em baixa, em todas as coordenadas, inclusive no Brasil, como se viu novamente nesta semana. Porque, para segurar os preços, os bancos centrais vão ter que voltar a elevar as taxas de juros”, conclui a Lurdete.

Sou um dos repórteres que aparecem no livro 45 Reportagens que Fizeram História, em homenagem aos 45 anos de Zero Hora. Em 1974, entrevistei durante horas o adolescente Alexandre Moeller, que ficara quatro dias em poder de sequestradores. Foi um furaço.

O livro conta esse e outros 44 casos, já está à venda para assinantes e na semana que vem em bancas e livrarias. É uma justa exaltação ao trabalho dos repórteres. Foi como comecei aqui em Zero Hora, até que um dia virei cronista. Em 38 anos de Zero Hora, escrevi mais de 15 mil colunas. Mas fiz apenas uma única reportagem de gênio. Foi o que bastou. E fui parar no livro.

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