terça-feira, 6 de novembro de 2007



06 de novembro de 2007
N° 15410 - Paulo Sant'ana


Dolorida inveja

O dado publicado pela empresa de consultoria Economática é espantoso: em dólar, a Bolsa de Valores de São Paulo teve uma valorização de 1.074,4% durante os quatro anos e 10 meses do governo Lula.

Quem tivesse, portanto, investido US$ 100 mil na bolsa de valores paulista quando Lula tomou posse, estaria hoje com mais de US$ 1 milhão em sua conta, façanha que nenhuma bolsa do mundo desenvolvido atingiu.

Somente as bolsas de valores da Colômbia e do Peru tiveram altas superiores à da bolsa paulista.

Em reais, a valorização da bolsa brasileira durante os cinco últimos anos foi de 700%. Ou seja, quem investiu R$ 1.000 no segundo semestre de 2002, teria posto hoje na mão a bolada de R$ 7 mil.

A Folha de S. Paulo publicou ontem que a alta da bolsa paulista só neste ano é de 80%, enquanto a revista Época, baseada noutro cálculo, informa que a valorização em 2007 nas ações de empresas brasileiras é da ordem de 47%.

Ou seja, apareceu uma forma milagrosa de ganhar dinheiro. A revista Época publicou ontem o caso de um jovem que iniciou aplicando na bolsa de valores R$ 3.300, em 1999, antes da posse de Lula, e hoje está botando a mão na pequena mas considerável fortuna de R$ 1 milhão.

Ele é um dos 300 mil brasileiros que investem na bolsa de valores, um número reduzido para uma população de 190 milhões, mas essas pessoas são as mais venturosas deste país no momento, estão tendo lucros fabulosos sem trabalhar.

A Bolsa é um negócio de risco, mas não vem sendo para quem aplica a longo prazo ou para os aplicadores de cinco anos atrás.

A longo prazo, dizem os especialistas, não há como errar aplicando na Bolsa.

Só que, no momento, é negócio fabuloso aplicar em ações mesmo a curto prazo, cerca de um ano, por exemplo.

Quem o faz há cinco anos tem obtido lucros mais de 10 vezes superior a quem aplica na caderneta de poupança, prazo fixo e outros tipos de investimento, que constituem a maioria esmagadora dos que não deixam seu dinheiro parado.

Causa inveja a essa multidão que aplica em caderneta de poupança e outros investimentos comuns o que estão ganhando os aplicadores da Bolsa: é uma maneira fácil de fazer salário razoável ou de enriquecer.

É preciso arriscar para ser investidor da Bolsa. Pode perder.

Mas não é o que vem acontecendo: quem aplica em ações da Vale do Rio Doce e da Petrobras há cinco anos, o que acontece com investidores estrangeiros que vêm para cá, vem lucrando em dólar 1.900% na primeira e 1.400% na segunda.

Em reais, a Vale e a Petrobras devem rondar os 1.000% de lucro nos últimos quatro anos e 10 meses, os trabalhadores brasileiros que foram espertos devem abençoar o dia em que o governo permitiu que eles aplicassem parte do seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço em ações da Petrobras: estão ganhando com isso muito mais do que com seus salários.

Mas a quem não investiu em ações nos últimos cinco anos só restou ganhar um coisa: inveja dos que investiram.

Dolorida inveja.

O psicanalista Paulo Sérgio Rosa Guedes e o psicólogo Júlio Cesar Valz estarão autografando hoje o seu livro Sentimento de Culpa, um tema raro na literatura. Convidam para o ato na Cervejaria Dado Bier, Shopping Bourbon Country, às 19h30min.

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