sexta-feira, 4 de outubro de 2024


04 de Outubro de 2024
GPS DA ECONOMIA

Melhora de nota de dívida vira polêmica

A reação de perplexidade em boa parte do mercado brasileiro à melhora da nota de crédito do Brasil fez a Moody?s detalhar os motivos ontem. A agência de classificação de risco justificou que a situação fiscal do país é essencial - e "permanece um desafio" - mas outros fatores são considerados para avaliar a qualidade do crédito do país. Além do crescimento e das reformas dos últimos anos, a dívida brasileira é muito sólida em termos de vulnerabilidades externas, afirmou Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior de riscos soberanos na Moody?s:

- A dívida do Brasil é 95% detida localmente e não antecipamos riscos ao seu financiamento.

No comunicado em que fez o "upgrade" (melhora da nota), a Moody?s destacou as grandes reservas cambiais do Brasil, um diferencial em relação a outros países emergentes. Esse é o motivo pelo qual a agência classifica o teto da avaliação do real já em grau de investimento, em A3, muito acima da nota da dívida pública.

"A Moody?s fez o L?"

O repertório de humor ácido e crítica direta incluiu frases como "Moody?s fez o L?" e "premia fiscal ruim". Os mais ponderados lembram que se trata apenas de melhora de nota, não de situação, porque o Brasil segue com grau especulativo: ainda falta subir um degrau para chegar ao selo de bom pagador.

- A reação exacerbada de alguns analistas evidencia o que aponto há algum tempo: o mercado errou, erra e provavelmente irá continuar errando - avalia André Perfeito.

No meio dessa fumaceira, dólar subiu 0,5%, para R$ 5,473, e a bolsa caiu 1,45%, também com impacto do Oriente Médio. _

já erraram

Agências de classificação de risco não são infalíveis. Na quebradeira de bancos em 2008, várias instituições que derreteram tinham avaliações de topo, até a máxima, de AAA. Claro, foi uma situação sem precedentes. Mas até porque precisam manter sua credibilidade, também não costumam distribuir notas como afagos.

Caro nas Hortênsias, sobe mais no litoral

O Preço da Cesta de Alimentos da Receita Estadual (PCA-RE), indicador de valores relativos de 49 produtos montado com base em notas fiscais eletrônicas, teve alta de 1,18% em setembro ante o mês anterior.

A cesta média está 3% inferior a junho, quando houve perdas causadas pela enchente. Mas segue 4% acima de abril, período em que o Estado não enfrentava impactos logísticos e produtivos causados pela inundação. A ferramenta acompanha produtos que representam 98% do consumo alimentar dos gaúchos.

O clima parece determinar também outra mudança no indicador: a região das Hortênsias segue com a cesta mais cara do Estado, mas teve queda de 2,8%, para R$ 290,27. Em sentido oposto, a maior alta ocorreu no litoral, com aumento de 2,2%, para R$ 254,09.

O custo da cesta é apurado por Coredes (conselhos regionais de desenvolvimento). A maior queda, na comparação mensal, ocorreu na Campanha, com 3,5%, fechando em R$ 259,55.

Essa é a segunda edição do Boletim de Preços Dinâmicos da Receita Estadual, mas o trabalho inclui os valores de meses anteriores ao da estreia. _

Compra em SC multiplica número de clientes por 10

Com sede em Bento Gonçalves, a Viva Energia comprou a companhia catarinense Alka Energia. Atua no mercado de geração distribuída de energia, que permite gerar perto de centros de consumo, como empresas e indústrias. Com a aquisição, a empresa gaúcha aumenta em 10 vezes o número de clientes, de 200 para 2 mil. Parte do Grupo Ludfor, ainda incorpora 58 usinas de biogás, solares e hidrelétricas.

A Alka Energia, agora da Viva Energia, faturou cerca de R$ 30 milhões no ano passado. A empresa, no entanto, não informa o valor da transação.

- Somos responsáveis por 60% do mercado livre de energia na Região Sul e queremos expandir. A compra da Alka fortalece a presença da Ludfor no mercado de geração distribuída - afirma o diretor-executivo do Grupo Ludfor, Douglas Ludwig. _

Brasileiros estão tristes no trabalho

Uma pesquisa do Gallup registrou um sinal de alerta: a cada quatro brasileiros, um está triste com seu exercício profissional, uma das maiores proporções da América Latina. Os dados da State of the Global Workplace: 2024 Report são relativos a 2023.

O Brasil é o quarto país com mais profissionais tristes na região, com 25% de trabalhadores, atrás apenas de Bolívia (32%), El Salvador (26%) e Jamaica (26%), empatado com Equador e Peru. Os que experimentam raiva no trabalho são 18%, atrás de Bolívia (25%), Jamaica (24%) e Peru (19%).

Os autores do estudo lembram que nem todos os problemas de saúde mental estão relacionados ao trabalho. Uma das formas recomendadas para aumentar o engajamento e reduzir tristeza e raiva é um programa de escuta efetivo, ou seja, que direcione soluções. _

Petróleo salta 5% e se aproxima dos US$ 80 por barril

Diante da efetiva ampliação do conflito no Oriente Médio, com ataque terrestre ao Líbano e aéreo do Irã, o petróleo deu novo salto ontem, ainda maior, de 5%. Isso levou o barril do tipo brent a US$ 77,62, mais perto dos US$ 80.

Na segunda-feira, quando o mercado ainda não via pressões do conflito no preço, a cotação era de US$ 71,66. Só em três dias, entre a terça e a quinta-feiras, houve aumento acumulado de 8%.

A preocupação é de que o conflito ampliado se torne uma guerra total, afete países-chave na produção de petróleo e, em consequência, coloque em risco o comércio global da matéria-prima.

Depois da ameaça do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de que a retaliação ao Irã seria "precisa e dolorosa", um dos temores é de que o alvo seja a infraestrutura petroleira do país dos aiatolás, como admitiu o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. E de que essa resposta provoque nova represália, descambando para a guerra total.

Outra ameaça que vem sendo especulada nos últimos dias seria o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 40% do tráfego marítimo petroleiro mundial. _

Ainda falta desvendar o motivo, mas o valor total das "despesas relacionadas à calamidade no RS" subiu de R$ 33 bilhões para R$ 40,2 bilhões entre julho e agosto. E os R$ 7,2 bilhões de "formação de estoque reguladores", que poderiam ter saído da conta, aumentaram para R$ 8,2 bilhões.

Marta Sfredo

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