10 DE JUNHO DE 2020
RBS BRASÍLIA CAROLINA BAHIA
Os poderes topam reduzir salários?
Tudo começou com mais uma das frases soltas do presidente Jair Bolsonaro. Em tom de desafio, afirmou que, se os parlamentares aceitarem reduzir os salários, aumentará o pagamento das duas parcelas adicionais do auxílio emergencial para R$ 600, e não R$ 300 como é a proposta do Ministério da Economia.
Diante da provocação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), resolveu dobrar a aposta. Em resposta ao presidente, afirmou que os deputados topam discutir o assunto se os demais poderes também promoverem cortes. Maia já fez esses cálculos e, no início da pandemia, chegou a analisar a ideia de um corte de 10% dos altos salários. Mas, por motivos óbvios, os estudos não prosperaram.
Não é segredo que o pós-pandemia será de uma crise econômica profunda, exigindo um plano emergencial da equipe econômica. Trabalhadores da iniciativa privada já começaram a pagar essa conta, com redução de jornadas e salários. Isso sem falar no alto índice de desemprego.
Se for, então, para fazer um remanejamento do orçamento público, o Judiciário topa colaborar com uma cota de sacrifício? Legislativo e Executivo estão dispostos a avaliar mudanças nos gastos?
Em um ponto o presidente Bolsonaro tem razão: se todos concordam que o país irá precisar de um robusto programa de transferência de renda no pós-coronavírus, é preciso apontar de onde vai sair o recurso. É claro que essa é a missão do ministro da Economia, Paulo Guedes, que já reconheceu a necessidade de ampliar a verba para a área social.
Tudo indica, porém, que a réplica de Maia fique por isso mesmo. Nessas horas, quem precisa mexer no bolso se faz de desentendido.
CAROLINA BAHIA
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