16 DE JUNHO DE 2020
+ ECONOMIA
Governo perde "fiador do fiador" na economia
Tudo foi feito para que tivesse o menor impacto possível, mas a saída de Mansueto de Almeida da Secretaria do Tesouro Nacional abalou até o mercado financeiro ontem. Boa parte da alta de 1,92% no dólar e baixa de 0,45% na bolsa pode ser atribuída à incerteza aberta pela renúncia enfim concretizada. Em tese anunciada em período de menor estresse, a decisão que vinha sendo ensaiada desde o final do ano passado vem, na verdade, em momento muito delicado para a equipe econômica.
Além do desgaste provocado pela reconhecida demora na solução do nó do crédito, o Ministério da Economia enfrenta o cerco do Centrão, em busca de uma beira no latifúndio de Paulo Guedes. E se Guedes é o Posto Ipiranga, Mansueto era uma espécie de distribuidora que o abastecia, especialmente de informações sobre a máquina pública, uma novidade para o superministro. Ao anunciar a saída, Mansueto achou necessário assegurar que "o fiador do ajuste fiscal é Paulo Guedes". Ou seja, virou o fiador do fiador. Uma rara grife a sobreviver na passagem do governo Temer para Bolsonaro, Mansueto recebia fartos elogios do chefe da equipe econômica.
Nem a rápida definição do sucessor, Bruno Funchal, e da data da troca, 31 de julho, tranquilizou totalmente quem via em Mansueto o real garantidor contra aventuras e riscos fiscais. Apesar de ter no currículo passagem pela Secretaria da Fazenda do Espírito Santo, a exemplo da antecessora de Mansueto no cargo, Funchal ainda tem de mostrar a que veio.
E será obrigado a fazê-lo quando a exigência de mais gastos vem tanto da realidade da crise quanto do insaciável apetite de aliados. Precisará de um delicado equilíbrio para bancar gastos essenciais e barrar tentativas de achaque.
MARTA SFREDO
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