18 DE JUNHO DE 2020
INFORME ESPECIAL
A contradição de Porto Alegre no combate ao vírus
Esse rigor todo exigido das lojas, tantos das abertas quanto das fechadas, só fará sentido se as prefeituras fiscalizarem com o mesmo ímpeto o uso de máscaras pela população. Sem isso, o argumento de que é preciso fazer tudo em nome da vida cai por terra. Mais do que isso: abrem-se brechas para a contestação das medidas.
Não é razoável que um empreendedor, que gera renda e emprego, tenha de sacrificar seus pontos de venda enquanto milhares de pessoas transitam por locais públicos de Porto Alegre sem respeitar as regras de proteção individuais e coletivas.
Cada um é tão responsável quanto a loja, o supermercado, o banco, a academia, padaria, o açougue e o salão de beleza - faturem eles muito ou pouco. Fechar alguns, como se só dependesse deles o achatamento da curva, e esquecer o indivíduo, é ineficaz e injusto. Vou além: se a conscientização não funciona, é preciso repensar a gestão de consequência, seja através de multa, notificação ou advertência, como fazem algumas cidades. Sem isso, continuaremos a ver as lojas fechadas, os discursos inflamados e os números da doença crescendo.
Fenômeno estranho
Fechado ao grande público desde março devido ao coronavírus, o Museu de Ufologia, História e Ciência Victor Mostajo, em Itaara, perto de Santa Maria, vem recebendo mais telefonemas do que o normal. Na maioria, pessoas que observam movimentos desconhecidos no céu e buscam orientações. Seja uma senhora de Goiânia que avistou misteriosos fachos de luz à noite ou um morador de Porto Alegre, assustado com um brilho intenso acima de seu edifício. Fundador e diretor do museu, Hernán Mostajo explica: o primeiro caso era a luz do aeroporto da cidade e o segundo, o planeta Vênus.
Ocorre que, como as pessoas estão mais tempo em casa, acabam olhando mais para o céu e descobrindo o que sempre esteve lá. Mostajo não registrou novas aparições de objetos não identificados desde o começo da pandemia.
O fenômeno estranho é justamente esse: mais gente olhando por mais tempo para cima. Inaugurado em 2001, o museu recebe cerca de 25 mil visitantes por ano, a maioria alunos de escolas públicas e privadas. Com o fechamento determinado pela covid-19, a situação financeira se agravou. Mostajo tem usado as poucas reservas da instituição para pagar as contas.
Do bem
A Coca-Cola FEMSA entrega hoje 24 mil garrafas de água aos profissionais da saúde do Hospital Nossa Senhora Conceição. Em maio, outras 24 mil garrafas foram para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
A Votorantim Cimentos criou plataforma digital para auxiliar varejistas, construtores e indústrias afetados pela pandemia a impulsionar as vendas pelas redes sociais. O portal VCajuda, desenvolvido pela BriviaDez, sugere estratégias para WhatsApp, dicas de gestão financeira e protocolos de segurança de forma gratuita.
Secretaria da Saúde da Capital rebate
Depois da publicação da crítica (texto acima), a Secretaria Municipal da Saúde enviou seu posicionamento à coluna. Alguns dos trechos:
A Secretaria Municipal de Saúde informa que o uso da máscara de proteção facial é somente uma das formas de prevenção individual - ela reduz o risco, não garante a segurança/proteção para circulação das pessoas.
Além disso, não há evidências científicas fortes para assegurar que o uso de máscara protege a população em geral, principalmente quando falamos de máscaras de fabricação artesanal. Só esse fato corrobora a nossa política de sugerir o uso, muito mais do que obrigá-lo.
A exceção é o transporte público, por ser um lugar em que não há como evitar a aglomeração, e que tem sido objeto de intensa fiscalização da PMPA.
Já a política pública de restrição das atividades econômicas mostra extrema efetividade no controle da transmissão viral, corroborada por diversas evidências.
É importante ressaltar também, como fizemos na nota técnica, que os principais focos do uso de máscaras devem ser as aglomerações e os locais fechados. Locais abertos sem aglomeração são de baixo risco.
Justiça
Trecho da fala do presidente do TJ-RS, Voltaire de Lima Moraes, durante a posse de dois novos desembargadores:
"É inadmissível que, em plena democracia, sejam realizados ataques que ultrapassam todos os limites da razoabilidade, com agressões inaceitáveis ao STF e ao Congresso. A liberdade de expressão e de pensamento são fundamentais para a sociedade, porém encontra limites no momento em que essas manifestações pratiquem atos que podem ser caracterizados como crimes que tentam inviabilizar o processo democrático".
TULIO MILMAN
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