25 DE JUNHO DE 2020
+ ECONOMIA
A perda da Ford e o Mercado Livre
A desistência do Mercado Livre de abrir um centro de distribuição em Gravataí está sendo comparada em alguns círculos empresariais à perda da Ford, no final dos anos 1990. Na época, o governo Olívio Dutra endureceu a negociação, e a Bahia escancarou as portas à montadora, causando grandes perdas ao Estado.
Embora todas as perdas sejam lamentáveis, os dois casos não são comparáveis. A General Motors acumula aportes ao redor de R$ 2,5 bilhões e tem 5 mil funcionários no complexo. O Mercado Livre nunca mencionou o investimento fixo, por se tratar basicamente de um espaço físico. Além disso, o efeito multiplicador de uma montadora na economia é muito superior ao de um centro de distribuição.
A coluna perguntou ao secretário da Fazenda, Marco Aurélio Cardoso, se algum pedido da empresa foi rejeitado:
- A nosso juízo, não. Diante da insistência para saber se há base nas especulações sobre barreiras burocráticas que a Fazenda teria exigido, Cardoso observou que não poderia avançar em temas que envolveriam sigilo empresarial:
- Não posso detalhar, salvo se a empresa se manifestar sobre aspectos específicos que pode ter levado em conta para sua decisão. Caso contrário, poderíamos expor aspectos concorrenciais e violar o sigilo de uma empresa com ações em bolsa. Tivemos diálogo muito construtivo, tanto que eles vão ampliar outros negócios.
Conforme o secretário, a Fazenda considera de "enorme importância" todos os projetos de investimento no Estado.
- Lamentamos profundamente a desistência, estou muito triste com isso. Só não é possível que esse caso vire símbolo do que não é. Por orientação do governador, desde o primeiro dia abrimos as portas da Fazenda para ouvir os empreendedores e melhorar. Não foi por falta de diálogo, nem por estar fechado em um mundo fiscalista.
E ainda fez questão de deixar o caminho aberto:
- Se o formato que o Estado ofereceu, a juízo da empresa, ainda não é o suficiente, não esgotamos as possibilidades e não fechamos nenhuma porta.
Como possível queda do PIB do Brasil em 2020 já havia aparecido antes de o FMI projetar 9,1%. Foi em relatório do banco suíço UBS, que condicionava o número à duração da pandemia até meados de 2021. Ou caso a crise política se aprofunde a ponto de provocar efeitos negativos sobre a confiança do investidor
MARTA SFREDO
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