17 DE JUNHO DE 2020
OPINIÃO DA RBS
O CAMINHO DO ENTENDIMENTO
Ainda que a força da lei exista e possa ser usada, se necessário, o diálogo e a compreensão sobre a gravidade da emergência sanitária imposta pela chegada do novo coronavírus e o seu potencial devastador são os melhores conselheiros em momentos de tensão como o que se vive hoje no Brasil e no Estado. Diante de manifestações que vão da ameaça de rebelião de prefeitos gaúchos inconformados com novas restrições em seus municípios, devido à piora dos indicadores observados pelo Piratini, a vozes extremistas dos opostos do arco político no país, a melhor atitude a se tomar é serenar ânimos e deixar a retórica do confronto de lado em nome de um combate eficiente à maior crise na área da saúde atravessada pelo mundo em um século.
A despeito de eventuais pressões que gestores venham a sofrer, é necessário em primeiro lugar ser guiado pelo norte de que, quanto mais são adiadas as medidas de contenção à propagação no vírus, mais duradouros e profundos podem ser os efeitos negativos na economia e, por consequência, na vitalidade das empresas. Como em uma guerra, vencer a covid-19 exige por vezes medidas duras e sacrifícios. Postergá-los ou maquiá-los com discursos demagógicos ou negacionistas significa manter a pandemia em fogo aceso permanentemente. O caminho mais adequado, portanto, é o do entendimento e da colaboração voluntária para se enfrentar as causas e consequências da covid-19.
Da mesma forma, a perda de foco do governo federal, às voltas com a própria sobrevivência política e com lunáticos e aloprados que parecem se multiplicar em momentos de crise, só torna ainda mais incerta a implementação de soluções eficazes para se começar a vislumbrar gráficos com curvas descendentes de contágios e mortes no país. Não são apenas números, mas milhares de vidas de brasileiros - e gaúchos - que precisam ser salvas, o que será ainda mais difícil se o caos se instalar nos hospitais que atendem pacientes com coronavírus.
O momento, mais do que nunca, quando a covid-19 recrudesce em algumas regiões do Estado e do país, é de assumir responsabilidades. A demagogia e o populismo, ainda mais quando associados ao sectarismo, são como uma nuvem de gafanhotos que devora todo o traço de harmonia e sensatez que deveria neste momento estar iluminando a trilha no combate ao vírus. É necessário ter-se o discernimento de que pregar soluções fáceis ou fora da ciência pode custar ainda mais caro, como indicam casos do Exterior de descontrole da doença pelo desleixo inicial.
Ao mesmo tempo, os brasileiros podem observar como alguns países estão voltando a algo semelhante à normalidade, com a reabertura paulatina das atividades, após um período agudo de restrições, em regra cumpridas exemplarmente. Em nenhum dos lugares em que se chegou às melhores soluções, eventuais discordâncias alcançaram o ponto de rebeliões, bravatas ou incitações à desobediência ou ao confronto entre poderes. O diálogo, a serenidade e o caminho do entendimento devem ser, neste momento, os guias das ações a serem tomadas no Rio Grande do Sul e no Brasil.
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