09 DE JUNHO DE 2020
+ ECONOMIA
Intervenção na saúde agrava percepção de risco Bolsonaro
Quando os estímulos à aglomeração e apoio a atos antidemocráticos passaram a ser rotina nos finais de semana, o Planalto encontrou outra forma de espantar o mundo. Sucessivas formas de manipular o número de casos e de mortes provocadas por covid-19 nos últimos quatro dias aprofundaram no Exterior as comparações do Brasil com ditaduras, como Nicarágua ou Turcomenistão.
Vista com distanciamento, a sucessão dos fatos entre o final da semana e o início desta é quase inacreditável. Primeiro, o governo adiou o horário da informação para o final da noite. Em seguida, o empresário Carlos Wizard, que teve uma passagem fugaz pelo ministério, sugeriu que há manipulação de dados nas secretarias de Saúde. No domingo, em menos de uma hora, foram informadas duas contagens com mais de 800 mortes de diferença.
Se conseguíssemos ler o parágrafo anterior como se não soubéssemos onde isso tudo aconteceu, a reação seria a mesma que se vê lá fora, e começa a se ampliar aqui dentro: desconfiança e aumento do "risco Bolsonaro".
Os Estados Unidos de Donald Trump podem se dar ao luxo da polêmica, por serem a maior economia do mundo e dominarem a máquina de imprimir dólares. Repúblicas com períodos intermitentes de ditadura no século 20 precisam ter mais zelo. Diante de um país opaco, na melhor das hipóteses os investidores estrangeiros levarão mais tempo para tomar decisões cada vez mais urgentes, especialmente para nós, não para eles.
Dentro do país, emergencial é o socorro às empresas pelo acesso ao crédito, que não chega. A palavra está no nome de uma medida provisória editada há uma semana, mas não consegue alcançar a vida real. Quanto mais demorar, mais lenta será a recuperação. Com investidores estrangeiros mais cautelosos e nacionais mais fragilizados, como será possível bancar um programa de recuperação com o fôlego de que o Brasil necessita?
Navios gigantes no horizonte
Gigantes dos mares devem atracar neste começo de junho no Tecon Rio Grande, terminal de contêineres da Wilson Sons. A embarcação Mol Beauty, do armador One, de Hong Kong, tem nada menos de 37 metros de comprimento - o equivalente a pouco mais de três quadras médias - e 48 metros de largura.
Outra embarcação, o Ever Laurel, do armador chinês Evergreen, construído em 2012, é o primeiro navio da companhia de 334 metros a navegar pela costa brasileira. O Tecon Rio Grande tem infraestrutura para receber navios desse porte, que são os maiores a navegar pelo mundo, parte de uma nova geração.
pontos foi o fechamento da bolsa de valores ontem, resultado da quase euforia que dominou os mercados financeiros na semana passada. Injeções de liquidez feitas por bancos centrais como os dos EUA e da União Europeia têm papel fundamental no comportamento global. No Brasil, onde houve as maiores perdas, agora o ganho é mais alto.
MARTA SFREDO
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