09 DE JUNHO DE 2020
DAVID COIMBRA
E se a vacina não funcionar?
E se a vacina não funcionar? É uma possibilidade. Pense: o HIV, que também é um vírus, surgiu há 40 anos e até agora a ciência não descobriu uma vacina que o submeta. Hoje, ninguém mais se assusta com o HIV, foram desenvolvidos remédios para domesticá-lo, mas, na época, a impressão era de que o mundo estava prestes a se acabar pela peste.
Porque, ao contrário do corona, quem contraía aids não se salvava. Era uma sentença de morte.
Então, se você por acaso se distraísse na esbórnia e usufruísse de uma noite de amor casual sem vestir a camisinha, o dia seguinte se transformava em pesadelo. Você ficava cogitando se a parceira era de confiança e terminava concluindo: "Se ela transou sem camisinha, não é de confiança". E corria para fazer o teste e, enquanto o resultado não chegava, sofria pensando que definharia em uma morte dolorosa e lenta.
Pois bem. Repito: apesar deste pânico mundial, ninguém descobriu uma vacina para o HIV. A diferença é que a humanidade pode conviver com alguma harmonia com esse vírus, porque sua forma de contágio não é tão, digamos, mundana como a do corona. O corona você pega respirando! Pega PASSANDO A MÃO NO ROSTO! Ou seja: não adianta a camisinha, não adianta a castidade, qualquer um pode pegar o corona, a qualquer hora, de qualquer pessoa e até de uma superfície de metal, como a barra de ferro do ônibus.
Assim, minha angústia tem procedência: e se a vacina não funcionar? Como viveremos?
Teremos de usar máscara sempre. Eu não gosto de usar essa maldita focinheira. E nem há questões estéticas no meio disso. É simples: quando você inspira, inspira oxigênio. Quando expira, expira gás carbônico. Quer dizer: ao respirar com a máscara, você está inspirando gás carbônico e expirando gás carbônico. Ruim. Péssimo. Não quero usar máscara por toda a vida.
Outra coisa: o álcool gel. Você vai, por exemplo, pagar uma conta com o cartão de crédito. Aí você pensa: depois de passar o cartão, vou higienizá-lo com álcool gel em abundância. Certo. É um bom plano. Mas, logo depois que você digitou a senha do cartão, seu celular toca e você atende. Em resumo: tudo pode estar encoronado: suas mãos, o cartão e o celular. Para se prevenir, você se lambuza de álcool gel e sai pela rua todo melecado e com o celular melecado e o cartão melecado. Por isso, não quero ter de usar álcool gel por toda a vida.
Mas há quem talvez sofra mais do que eu com meus dramas com a máscara e o álcool gel. Estou falando dos solteiros. Você, que é casado, namorado ou noivo, você talvez não perceba o que estão passando os solteiros. Faça, neste momento, um exercício de empatia: lembre-se da época em que você era jovem e ainda não havia encontra a cara metade. Como haveria de encontrá-la sem bares, sem festas, sem boates, sem aglomerações? Nem a colega você pode namorar, se você trabalha em regime de home office!
Um mundo atrás de máscaras, um mundo de mãos melecadas de álcool gel, um mundo de solteiros solitários, assim seria o mundo, se a vacina não funcionasse. Por Deus, por Jesus Cristo, por Oswaldo Cruz e Louis Pasteur, precisamos desta vacina!
DAVID COIMBRA
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