quinta-feira, 2 de abril de 2020


02 DE ABRIL DE 2020
OPINIÃO DA RBS

PARA FICAR BEM


A pandemia é um teste de fogo para a temperança dos gaúchos. Até aqui, a população do Estado mostra ter de sobra essa característica que remete a moderação e equilíbrio. Nos mais duros episódios que permearam a história do Rio Grande do Sul, essa sabedoria em meio a momentos graves, aliada à tenacidade, moldou a índole dos que aqui vivem e viveram. Em poucas semanas, a rotina de mais de 11 milhões de gaúchos, assim como a dos demais brasileiros, se transformou radicalmente. A vida em sociedade, o trabalho e o lazer sofreram uma drástica reviravolta. Em nome do bem coletivo, necessitamos ficar em casa. Mas precisamos ficar bem.

Para que sejam atravessados da forma menos traumática possível, os dias de reclusão pedem que os gaúchos, dentro das limitações impostas, continuem exercendo seus ofícios, estudando e redescobrindo pequenos prazeres familiares antes um pouco esquecidos. Desta forma, tentando manter a higidez, saindo à rua apenas para tarefas indispensáveis e, principalmente, respeitando as orientações das autoridades que dia a dia monitoram o quadro da evolução da covid-19 no Estado, cada gaúcho estará exercendo o papel de um herói anônimo. O vírus precisa de pessoas circulando nas ruas para se disseminar. Ao quebrar essa cadeia de transmissão, somos milhões de agentes de saúde protegendo uns aos outros.

É preciso pensar de forma coletiva. As escolas e as universidades estão fechadas, mas esta é uma lição de vida. Nunca aprendemos tanto. De forma há poucos meses inimaginável, os gaúchos estão reinventando a coletividade. De janelas e sacadas, o olhar distante descobre o outro. Lá, naquele outro lar, aquela pessoa, hoje reclusa, é uma barreira contra o coronavírus. É a comunidade assimilando um novo conceito de pensar a sociedade.

Vive-se uma época de crise. Talvez comparável apenas a tempos de guerras de verdade. Mas esta guerra não divide. Ela une a humanidade. Por isso, é preciso abandonar o individua- lismo, rever prioridades, repensar o sentido da vida. E transformar toda a energia guardada e a dolorosa espera por rever familiares e amigos queridos em solidariedade, criatividade e empreendedorismo. Há muitas pessoas, neste momento, fora de casa. São trabalhadores de serviços essenciais, como os da segurança e da saúde, entre outros. Especialmente para os que estão nos hospitais travando esta batalha frente a frente com o inimigo, devemos uma imensa gratidão.

Se está em casa, lembre-se: manter o distanciamento social, agora, significa praticar empatia e exercitar a cidadania. O que parece ser uma passividade é, na verdade, uma postura ativa e uma forma de encurtar este momento de provação. Não esqueça dos exercícios, faça as compras necessárias, trabalhe, mantenha os estudos em dia, planeje a vida, trace metas, alimente os sonhos. Talvez nada seja como antes. Mas é preciso ser otimista e acreditar que cada gaúcho poderá sair desta crise como um cidadão melhor, contribuindo para um Rio Grande do Sul mais próspero e humano. Com cada um fazendo a sua parte, juntos, ficaremos bem.

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