30 DE ABRIL DE 2020
DIÁRIOS DO MUNDO
Judeus exigem desculpas do chanceler.
Entidades judaicas nacionais e internacionais criticaram comparação feita pelo chanceler Ernesto Araújo entre o isolamento social para conter o coronavírus e os campos de concentração nazistas, que mataram milhões de judeus. Em nota, o Instituto Brasil-Israel disse que, ao colocar os campos de concentração nesses termos, Araújo "anula e relativiza a memória do Holocausto. E ainda pior, acaba por reproduzir a lógica nazista: transformar os campos da morte em fábricas do esquecimento".
A entidade afirma:"Impressiona o uso excessivo e absurdo que membros do atual governo brasileiro fazem do nazismo e do Holocausto. Desde as afirmações do atual presidente de que o nazismo seria de esquerda (feitas em frente ao Museu do Holocausto, em Jerusalém) até a reprodução do discurso do ministro da propaganda nazista pelo ex-secretário especial de cultura, os absurdos se multiplicam".
À coluna, o presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs), Sebastian Watenberg, afirmou:
- A declaração foi absolutamente inoportuna e infeliz e merece retratação. De nada adianta o ministro fazer um tuíte destacando a relação do governo com Israel e com a comunidade judaica. Saudamos essa atuação recente do Itamaraty, mas não se presta, por si só, como um pedido de desculpas.
Também o Comitê Judaico Americano exigiu um pedido de desculpas do ministro. "Essa analogia usada por Ernesto Araújo é profundamente ofensiva e totalmente inapropriada. Ele deve se desculpar imediatamente", escreveu o comitê no Twitter.
Araújo ignorou a cobrança de lideranças judaicas por um pedido de desculpas e criticou o jornal The Times of Israel por, segundo ele, fazer uma "crítica injusta e completamente equivocada" do que ele escreveu em seu blog pessoal. "Orgulho-me de minha postura de denunciar e combater o antissemitismo e de meu trabalho pela construção da relação de profunda amizade e parceria desejada pelos povos do Brasil e de Israel", escreveu.
Sem mencionar o comitê e a cobrança pelo pedido de desculpas, ele disse que foi o filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek quem trouxe os "campos de concentração como referência" ao falar da "sociedade totalitária que, em sua teoria, pode emergir da pandemia".
RODRIGO LOPES
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