20 DE ABRIL DE 2020
RBS BRASÍLIA
Ato de Bolsonaro constrange generais
Jair Bolsonaro passou da negação ao desrespeito. No final de semana em que o coronavírus levou ao colapso o sistema de saúde de Manaus e pressiona outras regiões, o presidente da República participou de ato a favor da intervenção militar, fez da caçamba de um carro palanque improvisado e não falou uma palavra de conforto aos familiares das 2.462 vítimas fatais ou aos milhares de profissionais da saúde que colocam suas vidas em risco para combater os efeitos da covid-19. Aliados argumentarão que ele está preocupado com os empregos perdidos. Se essa fosse a real motivação, ele estaria em contato com governadores e prefeitos, desenhando com o Ministério da Saúde uma forma de transição segura.
Quando Bolsonaro afirma que tem o foco nas vidas, é uma frase vazia. Nos atos cotidianos, ele revela que está mais preocupado com a própria popularidade. Caso contrário, não promoveria cenas insólitas, como sair para comprar um picolé na Praça dos Três Poderes ou estimular aglomeração no Setor Militar, em Brasília, onde ocorreu a manifestação. O ato de ataques às bases democráticas provocou constrangimento entre os generais. Quem conhece bem as Forças Armadas reconhece que usar o Quartel General do Exército como pano de fundo para defender a volta do AI-5 ou fechamento do Supremo provoca constrangimento à cúpula militar.
- É um escândalo. Ele ofendeu o Exército e os nossos valores - disse um general à coluna.
Sentido-se ameaçado, Bolsonaro resolveu partir para a briga de rua - coisa que entende bem. Os inimigos da vez são os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, além do STF. Atos covardes contra jornalistas ocorreram em Porto Alegre. O presidente do Brasil fala para a sua bolha, enquanto o mundo inteiro se dedica a enfrentar a maior crise. À coluna, o ministro Marco Aurélio Mello resumiu o domingo de horrores:
- Não sei onde o capitão está com a cabeça.
CAROLINA BAHIA
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