sexta-feira, 24 de abril de 2020



24 DE ABRIL DE 2020
CORONAVÍRUS

Presidente culpa Onyx por falha em auxílio antecipado

Em uma crítica ao ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que a antecipação da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600 foi anunciada sem autorização. Na segunda-feira, Onyx e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, divulgaram em coletiva no Palácio do Planalto que os beneficiários da ajuda destinada a informais impactados pela crise do coronavírus receberiam o pagamento antes do previsto.

Segundo disseram na ocasião, os depósitos passariam a ser feitos a partir de ontem. Originalmente, o cronograma previa os pagamentos da segunda etapa a partir de 27 de abril. No entanto, o governo voltou atrás na quarta-feira e disse que seguiria o cronograma original. Ontem, houve nova mudança de datas (leia abaixo). O comunicado da desistência foi feito pelo Ministério da Cidadania, informando que a decisão foi tomada devido ao alto número de informais cadastrados e por uma recomendação da Controladoria­-Geral da União (CGU).

Respondendo a uma internauta no Facebook, que lhe havia perguntado se o auxílio emergencial tinha sido cancelado, Bolsonaro responsabilizou Onyx. - Nada foi cancelado. Um ministro anunciou, sem estar autorizado, que iria antecipar a segunda parcela. Primeiro se deve pagar a todos a primeira parcela, depois o dinheiro depende de crédito suplementar, já que ultrapassou em quase 10 milhões o número de requerentes. Tudo será pago no planejado pela Caixa - respondeu o mandatário.

Ao justificar o cancelamento, o Ministério da Cidadania afirma que, com alto número de trabalhadores solicitando apoio, será necessário crédito suplementar para poder atender a todos. O pedido para a suplementação já foi enviado ao Ministério da Economia, diz a pasta.

"Em virtude disso, por fatores legais e orçamentários, pelo alto número de requerentes que ainda estão em análise, estamos impedidos legalmente de fazer a antecipação da segunda parcela do auxílio emergencial", afirmou o ministério, em nota.

Depósitos

Inicialmente, o governo calculou necessidade de R$ 98,2 bilhões para pagar o auxílio, e uma medida provisória (MP) foi editada com esse valor para criar o crédito adicional. Depois, integrantes do governo passaram a dizer que o valor poderia não ser suficiente.

O Ministério da Cidadania informou que já foram transferidos R$ 31,3 bilhões à Caixa para atender a população, sendo que ainda serão avaliados cerca de 12 milhões de cadastros para a primeira parcela. Apesar do anúncio da antecipação, boa parte dos beneficiários não recebeu sequer a primeira parcela e há relatos de trabalhadores esperando pelo depósito.

Segundo Onyx, a projeção é de que até hoje 14 milhões de pes­soas que trabalham informalmente já deverão ter recebido o valor. No entanto, ainda há pessoas que teriam direito ao benefício, mas, 16 dias após a abertura dos cadastros, ainda não receberam resposta do Ministério. A pasta afirma que o retorno deverá ocorrer em breve.

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