sábado, 25 de abril de 2020


25 DE ABRIL DE 2020
DUAS VISÕES


Soube que conversei com Deus

Sou grato pela vida. Agradeço por minha família, amigos e, desde o mês passado, pelos médicos, enfermeiros e técnicos que, expostos ao risco de contágio por um vírus que mata milhares, me seguraram aqui.

Posso dizer que duas tossidas ao telefone salvaram a minha vida. Foi em 18 de março. O amigo e infectologista Fábio Pedro havia me ligado para agradecer o apoio que prestei à fundação do Lauduz, serviço gratuito com atendimento médico por telefone em Santa Maria, quando tossi. Fábio me mandou procurar a Unimed. Liguei, desconfiado, e outro amigo atendeu, o médico Alberto Riesgo. Ele pediu que eu fizesse, naquela noite, o teste para o coronavírus.

Enquanto aguardava o resultado, que sairia em oito dias, fiquei isolado em casa. Na tarde de domingo, dor de cabeça e febre alta me levaram ao hospital da Unimed. Sou grato por ter caído nas mãos de médicos competentíssimos: Fábio, Jane Costa, Ivana Cassol e Thiego Cavalheiro.

Um exame no tórax mostrou lesão no pulmão. Resultado: nove longos e dificílimos dias no hospital. Na terça-feira, a febre foi a 40 graus e o pulmão piorou. Angústia ter uma doença sem tratamento comprovado. Você toma remédios - no meu caso um coquetel que incluiu a hidroxicloroquina - sem saber se funcionarão. Agradeço a competência dos médicos.

Ainda naquela terça, o boletim foi terrível. Minha esposa, Sandra, e filhas pediram orações por mim. Recebi centenas de mensagens. Nunca imaginei ter tantos amigos.

Na sexta-feira, eu me sentia melhor, ainda sem entender o que havia acontecido. Depois, soube que conversei com Deus. Não era a minha hora. Continuei o tratamento, as enfermeiras e enfermeiros foram fantásticos e prestativos. No domingo, após uma semana de internação, uma surpresa. Vi a Sandra na porta do quarto.

- O que fazes aqui?

- Vim te acompanhar - respondeu ela, que ficou cinco dias hospitalizada com covid-19.

Desconfio que peguei o vírus em uma feira em São Paulo ou no Gre-Nal da Libertadores. Minha mãe, Walkíria, 85 anos, teve sintomas compatíveis com a covid-19, mas depois de dois dias internada o exame deu negativo. Um alívio. Agora, estamos todos em casa e melhorando.

Devagar, voltei a pedalar. Preciso pegar leve, mas foi tanta gente rezando pela minha saúde, que precisei ir ao san- tuário agradecer à Mãe Rainha de Schoenstatt. Tenho certeza de que a santa, junto às orações, ajudou a equipe do hospital a me trazer de volta. Não canso de repetir: a vida é bela.

Empresário Valnei@walterbeltrame.com.br

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